HISTÓRIAS

Deixei o filho de um desconhecido dormir em mim — e só depois descobri por que ele estava realmente sozinho.

Era uma noite quente de setembro. Daquelas em que o verão ainda resiste a ir embora. Eu estava sentada nas arquibancadas de um estádio de ensino médio, cercada pelo som da torcida e o cheiro de pipoca no ar. O jogo? Nem sabia quem estava jogando. Fui porque precisava sair do meu apartamento, do celular… de mim. E, sendo honesta, os nachos com jalapeños da lanchonete valiam os quilômetros de estrada.

Escolhi uma fileira quase vazia, tirei as sandálias, recostei-me com um Gatorade gelado numa mão e uma bandeja gordurosa na outra. Era aquele tipo de tranquilidade que só se encontra quando você não tem nada em jogo.

Foi então que o vi.

Um menininho, de uns quatro ou cinco anos, parado alguns assentos à minha esquerda. Ele segurava um enorme dedo de espuma azul e se esticava para ver além da grade. Usava tênis com luzinhas e um boné que escorregava sobre os olhos. A princípio, achei que algum adulto estivesse por perto — na fila do lanche, talvez. Mas ele parecia completamente sozinho. Observava o campo com atenção, como se estivesse tentando acompanhar, mesmo cansado. Coçava os olhos, balançava o corpo.

Cinco minutos. Dez. E nada de ninguém vir buscá-lo.

Foi aí que algo apertou no meu peito. Um incômodo. Um instinto. Olhei ao redor, esperando ver alguém procurando por ele, chamando, olhando ansioso.

Nada.

Então ele olhou pra mim. Com um olhar calado, cansado. E sem dizer uma única palavra, caminhou até onde eu estava e se sentou ao meu lado. Encostou-se no meu braço como se me conhecesse, com uma confiança tão pura que me deixou paralisada.

Ele cheirava a protetor solar e nachos com queijo. A cabecinha se encaixava debaixo do meu queixo como se fosse o lugar certo. Esperei que ele percebesse que eu não era quem ele pensava. Mas não. Ele suspirou, aconchegou-se mais… e dormiu. Profundamente.

E aí, o pânico bateu.

Olhei novamente. Ninguém. Tentei acordá-lo com um sussurro: “Ei, campeão?” Nada. Só o ronquinho leve.

Chamei uma funcionária do estádio — uma senhora com crachá. Ela se aproximou e perguntou:

— Ele é seu?

Balancei a cabeça.

— Não. Ele só… veio. E dormiu assim.

A expressão dela mudou. Pegou o rádio e falou algo como “possível correspondência na arquibancada norte”. Depois, me agradeceu e pediu que eu esperasse. A segurança estava a caminho.

Perguntei:

— Ele está bem?

Ela respirou fundo.

— Recebemos um alerta de criança desaparecida há cerca de quarenta minutos. E ele bate com a descrição.

Meu coração congelou. Fiquei ali, com os braços imóveis, enquanto o garotinho dormia em mim — e o mundo ao nosso redor se movia.

Minutos depois, dois seguranças e uma mulher de jaqueta azul-marinho subiram as escadas.

— Oi, sou a Lauren. Estávamos procurando esse garotinho. Ele disse algo pra você?

— Nada. Só veio e se sentou.

— O nome dele é Wyatt. Ele estava com um grupo de uma creche. Eles estavam voltando para a van, e ele se afastou. Só perceberam que ele havia sumido durante a contagem final.

— Ele ficou sozinho por quanto tempo?

Lauren não respondeu diretamente, mas seu rosto dizia tudo.

— Tempo demais. Mas obrigada por ter ficado com ele. Você talvez tenha impedido algo muito pior.

Um dos seguranças pegou Wyatt com cuidado. O movimento o acordou. Ele olhou pra mim, ainda sonolento, e disse:

— Gosto da sua blusa.

Foi tão simples. E tão doce.

— Obrigada, campeão — respondi, com a voz embargada.

Ele foi levado. Lauren anotou meu nome e telefone “por precaução”. Não vi a responsável da creche. Não fiquei até o fim do jogo.

No dia seguinte, recebi uma ligação. Quase não atendi. Era a mãe do Wyatt.

A voz dela falhou depois que se apresentou. Disse que era enfermeira, que trabalhava em turnos longos, que não foi ela quem deixou ou buscou o filho aquele dia. Só queria agradecer. E agradecer de novo.

Mas foi o que ela disse depois que me marcou:

— O Wyatt não costuma confiar nas pessoas. Ele é reservado. Muito cauteloso. Mas confiou em você. Eu não sei por quê, nem como. Mas obrigada por estar lá.

Eu só consegui responder que ele parecia um ótimo menino. E que fiquei feliz por ele estar bem.

Desliguei. E fiquei sentada por muito tempo, pensando em como tudo poderia ter sido diferente. Eu quase não fui ao jogo. Quase sentei do outro lado. Mas por alguma razão, eu estava ali.

Às vezes, a vida coloca algo inesperado no seu colo. Às vezes, esse “algo” é uma criança de quatro anos, com um dedo de espuma, tênis piscando e hálito de nacho… que só precisava de um lugar seguro para descansar.

E talvez, só talvez, ser esse lugar tenha sido a coisa mais importante que fiz naquela semana.


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