MINHA ENTEADA NUNCA GOSTOU DE MIM.

MAS UM ENCONTRO SURPREENDENTE NO RESTAURANTE MUDOU TUDO.

Minha enteada nunca teve simpatia por mim. Desde que me casei com o pai dela, ela me tratava com frieza e evitava qualquer tipo de conversa. Já fazia meses — talvez até um ano — que ela sequer me dirigia a palavra. Por isso, quando recebi uma ligação dela, do nada, soando animada e convidando para um jantar em um restaurante chique, fui completamente pega de surpresa.

Achei que talvez ela estivesse finalmente pronta para dar uma chance à nossa relação. E como esse era meu maior desejo desde que entrei para a família, aceitei sem pensar duas vezes.

Nos encontramos naquela noite. Ela chegou sorridente, mas havia algo estranho no ar. Estava um pouco nervosa. Sentamos, e logo ela começou a pedir os pratos mais caros do cardápio — lagosta, bife, vinho importado. Tudo parecia exagerado, mas eu não quis estragar o clima.

Só que, à medida que o jantar avançava, percebi que ela mal olhava para mim. Respondia às minhas perguntas com frases curtas, mexia constantemente no celular e olhava por cima do meu ombro, como se estivesse esperando outra pessoa. Eu tentei puxar assunto, demonstrar interesse, mas tudo parecia forçado — unilateral.

Então chegou a conta. Antes que eu pudesse pegar meu cartão para pagar, ela sussurrou algo ao garçom e disse que precisava ir ao banheiro. Esperei alguns minutos… depois mais alguns. E logo percebi: ela não ia voltar.

Fiquei ali, sozinha, com uma conta absurda para pagar. Me senti usada, humilhada, como se aquele jantar tivesse sido apenas um golpe.

Paguei e saí do restaurante, tentando conter as lágrimas. Mas foi então que ouvi um som atrás de mim — passos apressados e uma voz chamando meu nome.

Era ela. Com os olhos marejados, me pediu desculpas. Disse que tudo aquilo havia sido ideia da mãe biológica, que a manipulava para me odiar. Mas ao me ver ali, tão disposta a tentar mais uma vez, ela percebeu que estava sendo injusta.

“Eu não sei como consertar tudo de uma vez, mas quero tentar… de verdade”, disse ela.

Naquele momento, respirei fundo. A mágoa ainda doía, mas pela primeira vez, vi sinceridade nos olhos dela. E talvez, só talvez, fosse o início de algo novo.

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