MINHA FILHA DE 7 ANOS SE RECUSOU A ABRIR OS PRESENTES DE NATAL DIZENDO: “O VOVÔ ME CONTOU A VERDADE SOBRE A MAMÃE”

Na manhã de Natal, as luzes da árvore piscavam lentamente, refletindo nos enfeites que Lily e eu havíamos colocado juntos na semana anterior. Eu já conseguia imaginar o rostinho dela correndo escada abaixo, com os olhos brilhando de alegria.
Mas algo estava estranho.
“Lily?” chamei, olhando para a escada. Nenhuma resposta. Estranho. Ela sempre acordava antes de mim nesse dia.
Quinze minutos se passaram. Depois, trinta.
A ansiedade começou a me corroer. Larguei a espátula e sequei as mãos num pano de prato.
Subi as escadas e fui até o quarto dela. A porta estava entreaberta. “Você está acordada, meu amor?” perguntei suavemente.
Ela estava sentada na beirada da cama, ainda com seu pijama de pinguins. Segurava o coelhinho de pelúcia, Buttons, com as mãos. A cabeça baixa, os cabelos cobrindo o rosto como uma cortina.
Ajoelhei à frente dela, tentando encontrar seu olhar. “O que aconteceu, minha princesa?”
Ela apertou os lábios e balançou a cabeça.
“Não quero abrir os presentes”, sussurrou quase sem voz.
Fiquei surpreso. Antes que eu pudesse perguntar por quê, ela completou:
“O vovô me contou a verdade sobre a mamãe.”
Fiquei confuso. “Que verdade, filha? O que ele disse?”
Ela me olhou com receio. “Ele disse que o Papai Noel não existe… que é a mamãe quem compra os presentes porque se sente culpada por nunca estar em casa… E que ela não se importa comigo.”
Senti o sangue ferver, mas abracei Lily antes que ela percebesse minha raiva.
“Isso não é verdade, meu amor. Nada disso. A mamãe te ama mais do que tudo nesse mundo.”
Ela chorou baixinho no meu ombro. “Então por que ela não está aqui?”
“Porque ela está trabalhando para ajudar pessoas que precisam. Mas ela prometeu voltar mais cedo hoje. Só por você.”
Depois de acalmá-la, deitei Lily de volta na cama e alisei seus cabelos. “Fica aqui e descansa, tá bem? O papai vai fazer uma ligação.”
Peguei o telefone e liguei para meu pai. Ele atendeu no terceiro toque. “Feliz Natal, filho!” disse com entusiasmo. “A Sarah tá trabalhando, né? Como sempre.”
“Merry Christmas,” respondi, com frieza. “A gente precisa conversar. Por que você disse pra Lily que a Sarah não se importa com ela? Já bastava dizer que o Papai Noel não existe. Mas fazer ela duvidar do amor da própria mãe? Isso é cruel.”
Ele resmungou. “Essa mulher nunca tá em casa. Vive ajudando estranho por aí. Que tipo de mãe faz isso?”
“Uma mãe que faz o que pode por todos, inclusive pelos pais dela que estão passando por dificuldades,” respondi com firmeza. “Você não tem o direito de julgá-la. E muito menos de envenenar a cabeça da minha filha.”
Desliguei o telefone e voltei à cozinha. Ainda havia um almoço de Natal para preparar.
Mais tarde, enquanto fazia o molho, ouvi a porta da frente se abrir.
Virei a tempo de ver Sarah largando a bolsa no chão e pegando Lily no colo em pleno salto.
Observei a cena da cozinha, sentindo o peso no meu peito finalmente aliviar.
Naquela noite, depois que Lily adormeceu e as louças foram lavadas, sentei no sofá com o telefone na mão.
Meu pai atendeu no segundo toque. “Vai se desculpar, filho?”
“Não. Liguei pra dizer que se você ousar fazer minha filha duvidar do amor da mãe dela de novo, não será mais bem-vindo nesta casa. Nem no Natal, nem nunca.”
Pela primeira vez em muito tempo, senti que estava fazendo o certo pela minha família.