Meu Cachorro Uivava Sem Parar Depois que as Crianças Saíram com Minha Sogra

— Eu Precisava Descobrir o Que Estava Acontecendo
Meu nome é Rachel, e eu costumava acreditar que as pessoas mais próximas dos meus filhos eram as que eu mais podia confiar. Mas a vida tem uma maneira cruel de mostrar que, às vezes, são justamente essas pessoas que mais merecem nossa vigilância.
Daisy, minha pastora alemã, era minha sombra há quatro anos. Doce como poucas, nunca latia para vizinhos, carteiros ou até mesmo outros cachorros. Mas algo mudou três semanas atrás.
No dia em que minha sogra, Linda, voltou de uma viagem para Millbrook e entrou em casa, Daisy imediatamente se enrijeceu. Suas orelhas se abaixaram e um rosnado grave e contínuo veio do fundo da garganta.
— Daisy, para com isso — repreendi gentilmente. — É só a vovó Linda.
Linda deu uma risadinha, tentando aliviar. — Ela deve estar em um dia ruim. Só está sendo protetora, talvez?
Mas não era só nervosismo — Daisy estava agressiva. Quando meu filho de cinco anos, Jake, correu para abraçar a avó, Daisy se colocou entre os dois, com os pelos eriçados e rosnando alto.
Mais tarde, sussurrei para meu marido, David:
— Ela nunca fez isso antes.
— Os cachorros têm fases — ele respondeu com um encolher de ombros. — Logo ela se acalma.
Mas ela não se acalmou.
Cada vez que Linda aparecia, Daisy a vigiava o tempo todo, andando pela casa com os olhos fixos nela. Quando minha filha Kelly tentou mostrar um desenho para a avó, Daisy se colocou no meio como um escudo, com os lábios retraídos em alerta silencioso.
Tudo explodiu na sexta-feira seguinte.
Linda ligou por volta do meio-dia:
— Rachel, querida, tudo bem se eu levar o Jake e a Kelly para passar o fim de semana comigo? O Thomas está viajando a trabalho e eu gostaria de companhia.
Enquanto ela falava, Daisy começou a latir desesperadamente. Não era um latido qualquer — era um som de puro pânico.
— O que está acontecendo aí? — perguntou Linda.
— É a Daisy de novo — murmurei. — Ela tem estado assim ultimamente.
— Não seja boba. Deixa as crianças comigo. Prometo que vamos nos divertir.
Contra o que dizia meu instinto, aceitei.
Na manhã de sábado, o caos começou.
Assim que o carro de Linda encostou na calçada, Daisy perdeu o controle. Ela se jogou contra a janela, rosnando e latindo com tanta fúria que deixou marcas de saliva no vidro.
— Calma, menina — implorei, segurando firme sua coleira enquanto ela tentava se soltar.
Linda saiu do carro com um sorriso forçado. Assim que se aproximou, os latidos de Daisy se tornaram mais sombrios, quase selvagens.
— Acho melhor cancelarmos — gritei, mal conseguindo segurar Daisy.
— Bobagem! — respondeu Linda por cima do barulho. — Essa cachorra precisa aprender quem manda!
Enquanto ela prendia Jake e Kelly nos cintos de segurança do carro, Daisy puxava a coleira com tanta força que parecia que se machucaria. Ela não estava com raiva — estava desesperada.
— Mamãe, a Daisy está com medo — disse Kelly, agarrada ao bichinho de pelúcia.
— Vai ficar tudo bem. A vovó vai cuidar direitinho de vocês.
Quando o carro partiu, Daisy ficou no meio do jardim, uivando como se seu coração tivesse se partido. E ela não parou por horas. Andava de um lado para o outro, choramingava, rosnava a qualquer ruído. David tentou de tudo — petiscos, brinquedos, passeios. Nada funcionou.
— Tem algo muito errado — disse, por fim. — Ela nunca agiu assim.
— Você está deixando ela te assustar — insistiu David. — A mamãe está bem. Ela me criou, lembra?
Mesmo assim, Linda não atendia o celular. Liguei cinco vezes. Caixa postal.
— Vou até lá — disse, pegando as chaves.
A casa de Linda estava escura. Nenhuma luz acesa, nenhum som. O coração acelerou.
Bati uma vez. Duas. — Linda? É a Rachel!
A maçaneta estava destrancada. Entrei.
— Olá? — chamei, a voz mais fraca que as batidas do meu coração.
Passei pela sala, cozinha, corredor. Tudo vazio.
Então vi a porta do jardim interno entreaberta.
Ao empurrá-la, encontrei Jake e Kelly sentados na grama, colorindo calmamente.
Mas meus olhos se fixaram em Linda — pálida, imóvel — e no homem desconhecido ao lado dela. Magro, olheiras profundas, cheiro de cigarro e bebida velha.
— Rachel?? — exclamou Linda, assustada. — O que você está fazendo aqui?
Ignorei a pergunta. — Quem é esse?
Ele me olhou, expressão vazia. — Sou Marcus. Um artista.
— Um amigo — gaguejou Linda. — Ele veio pintar um retrato das crianças. Era pra ser surpresa.
— Surpresa? Você trouxe um completo estranho perto dos meus filhos e não me avisou?
Jake e Kelly levantaram os olhos, sentindo o clima tenso.
— Só estou fazendo meu trabalho, moça. Não fiz mal a ninguém — disse Marcus, indiferente.
Mas algo no meu estômago dizia que ele era o motivo do desespero de Daisy.
— Onde está Thomas? — perguntei.
— Ainda em Riverside — respondeu Linda, baixinho.
— Então, enquanto seu marido está fora, você esconde o namorado em casa enquanto cuida dos MEUS filhos?
O silêncio dela disse tudo.
— Arrume as coisas deles — falei, tremendo. — Nós vamos embora.
Linda correu para pegar as mochilas. Eu disse às crianças que terminaríamos a noite de filmes em casa, como combinado.
Quando contei a David o que aconteceu, ele ficou em choque.
— A Daisy tentou protegê-los. Ela sabia — disse ele.
Na manhã seguinte, contratamos uma babá de confiança. Depois, ligamos para Linda.
— Você não verá mais as crianças — David falou, firme. — Não depois disso.
Ela chorou, implorou, mas já era tarde demais.
Uma semana depois, Thomas voltou antes do previsto e encontrou Marcus ainda lá. A confusão foi imediata. Pedidos de divórcio, brigas, telefonemas. Eu não me envolvi.
Minha única preocupação era proteger meus filhos.
E Daisy? Assim que Linda parou de aparecer, ela voltou a ser a mesma — calma, doce, protetora.
Ela tentou me avisar.
Desta vez, eu escutei.