HISTÓRIAS

Meu Ex Apareceu no Dia dos Pais com a Nova Namorada para Posar de Pai Perfeito — Então Deixei que Ele se Envergonhasse Sozinho

Desde o divórcio, Kyle construiu o que só posso descrever como um monumento digital à sua paternidade. Seu Instagram é uma galeria cuidadosamente montada com fotos antigas da nossa filha Emma, legendas doces e fotos de aniversários passados.

“Para sempre orgulhoso de ser seu pai”, escreveu ele recentemente acima de uma foto do aniversário de seis anos da Emma.

Ela está com nove agora.

Mas o contraste entre as redes sociais e a realidade é gritante. Enquanto Kyle coleciona curtidas e emojis de olhos apaixonados de estranhos que acreditam que ele é o “Pai do Ano”, ele ignora suas responsabilidades reais.

Não paga pensão há seis meses. Cancelou visita após visita. E sua última mensagem para Emma foi há quase um mês.

Então, como um relógio, poucos dias antes do Dia dos Pais, recebo uma mensagem dele:

— “Estou pensando em passar aí no domingo para ver a Emma.”

Fiquei olhando para o celular por um bom tempo. Seis meses de silêncio e agora quer aparecer como herói no feriado? Engoli o impulso de jogar o telefone longe e respondi com calma:

— “Claro. Passa aqui às três.”

Naquela noite, sentei ao lado da Emma, que montava um quebra-cabeça.

— “Querida, seu pai disse que pode vir te ver no Dia dos Pais.”

— “Sério?”, ela perguntou, com um brilho contido nos olhos e a voz trêmula.

Ela então correu até a mochila e puxou uma cartolina amassada, metade coberta de corações de giz de cera, a outra em branco.

— “A gente começou a fazer cartões na escola. A professora disse que era obrigatório…” murmurou. “Mas eu não sabia como terminar. Às vezes eu nem sei se ainda tenho um pai.”

Meu coração se partiu naquele instante.

Me ajoelhei e a abracei com força.

— “Você não precisa fazer um cartão se não quiser.”

Ela se afastou, pensativa, e então sorriu pela primeira vez em semanas.

— “Na verdade… agora eu sei exatamente o que fazer.”

Ela passou horas na mesa da cozinha, com papéis coloridos, cola e purpurina. Pediu ajuda só para cortar algumas formas. No final, me chamou para ajudar com o glitter. Quando levemente sacudimos o excesso, li o que ela havia escrito.

Meu coração parou. Os olhos se encheram de lágrimas. Em silêncio, a abracei.

Naquele domingo, às 14h58, o carro de Kyle chegou.

Ele saiu do carro perfumado, com calça cáqui passada, óculos de sol na cabeça e uma sacola de presente brilhante. Ao seu lado, uma loira alta, de vestido esvoaçante e salto agulha, já com o celular em mãos, pronta para registrar tudo.

Abri a porta antes que tocassem a campainha.

— “Oi”, disse ele, sorrindo. “Essa é a Ava, minha namorada. Queria muito conhecer a Emma… e você também.”

— “Minha princesa!”, gritou ele, abrindo os braços.

Ava começou a filmar imediatamente, como se fosse uma surpresa emocionante para as redes. Eu quase conseguia ouvir a legenda: “Quando o papai aparece de surpresa 💕 #famíliamoderna #amordepai.”

Kyle entregou o presente com orgulho.

Emma abriu. Era uma garrafinha de água cheia de adesivos brilhantes. Uma compra típica da prateleira de última hora do mercado.

— “Obrigada”, disse Emma, educada como ensinei.

Observei tudo da cozinha. Kyle sorria demais. Ava girava com o celular como uma diretora de cinema. E Emma? Confusa com a presença daquela mulher e câmera no que deveria ser um momento íntimo com o pai.

Mas, se ele queria palco, eu daria cortina.

— “Emma!”, chamei doce. “Quer mostrar o que fizemos para o papai?”

— “Ah! Quase esqueci!” Ela correu para o quarto e voltou com o cartão.

— “Um cartão do Dia dos Pais da minha princesinha!” Kyle disse, posando para a câmera. “Vamos abrir!”

Ao abrir, o sorriso desapareceu. Ficou pálido. Ava baixou o celular.

— “O que é isso? Está escrito: ‘Feliz Dia dos Pais… para a Mamãe!’”

Emma não hesitou:

— “Fiz para a mamãe. É ela quem me ajuda com a lição, faz meu jantar, vai nas apresentações da escola e me leva ao médico. Isso é ser pai, não é?”

O silêncio se instalou.

Eu interrompi calmamente:

— “Já que está aqui…” — puxei uma pasta da gaveta — “Separei alguns documentos para você dar uma olhada.”

Entreguei-lhe planilhas de pensão não paga, cartas judiciais ignoradas e uma notificação do meu advogado.

Ava espiava por cima do ombro e, de repente, recuou.

— “Você me disse que estava tudo certo com sua filha. Que tinha guarda compartilhada. Que sua ex dificultava tudo.”

— “É que… é complicado…”

— “Complicado?”, a voz dela subiu. “Aqui diz que você não paga pensão há seis meses. Que faltou a DOZE visitas!”

Abri a porta com elegância.

— “Imagino que estejam ocupados. Não quero atrapalhar com fatos. Feliz Dia dos Pais!”

Os dois saíram sem dizer palavra. Portas bateram. O carro arrancou.

Emma pegou o cartão do chão.

— “Eu fiz algo errado?”

— “Não, meu amor. Você fez tudo certo.”

Fomos para a cozinha, colocamos nossos aventais combinando e fizemos cookies de chocolate como se nada tivesse acontecido.

Eu beijei sua testa e deixei que aquela única frase ficasse gravada mais fundo do que qualquer processo judicial:

“Você fez tudo certo.”

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