Eu Dei Abrigo a uma Mulher Sem-Teto na Minha Garagem – Dois Dias Depois, Olhei Lá Dentro e Gritei: “Meu Deus! O Que É Isso?!”

Meu nome é Henry. Tenho trinta anos e moro sozinho na casa onde cresci desde que minha mãe faleceu no ano passado. A casa é grande demais, silenciosa demais… vazia demais. Eu tentava preencher o tempo com o trabalho, minha namorada Sandra (ainda não morávamos juntos) e a rotina.
Numa noite chuvosa, vi uma mulher sentada na calçada, encolhida sob um poste quase apagado, completamente encharcada. Parecia ter entre cinquenta e sessenta anos, mas o que mais chamou minha atenção foram seus olhos. Havia algo neles que me lembrava a minha mãe.
Impulsivamente, me aproximei.
— Ei, por que não procura um abrigo? — perguntei.
Ela virou-se lentamente para mim.
— Estou cansada de ir de abrigo em abrigo. É inútil, filho.
Antes de pensar melhor, soltei:
— Se estiver cansada disso, pode ficar na minha garagem.
— Na sua garagem?
Assenti.
— É melhor do que parece. Tem um quartinho lá dentro — velho, mas habitável. Tem cama, água corrente, banheiro. Está uma bagunça porque não uso há um ano, mas posso limpar no fim de semana.
Ela hesitou por um momento e disse:
— Bem, não tenho mais nada a perder. Tudo bem. Eu sou a Dorothy.
— Henry. Acabei de comprar comida. Vamos, estou estacionado na esquina.
E assim levei uma desconhecida para casa.
Na manhã seguinte, deixei Dorothy descansar. Mais tarde, quando contei para Sandra, ela quase surtou:
— Você deixou uma estranha morar na sua garagem? E se ela for perigosa?
— Ela não é. Ela só precisava de ajuda — respondi. — E tranquei a porta da casa principal. Se ela for pegar algo, vai ser só as tralhas do galpão.
— Você confia demais, Henry — disse Sandra, empurrando um prato para mim. — Mas tudo bem. Você vai ver.
No domingo, acordei com um pressentimento estranho. Dorothy estava quieta demais. Resolvi ir ver.
Fui até a janela da garagem… e congelei.
A bagunça havia sumido. O lugar estava limpo, organizado, quase aconchegante. O chão varrido, a poeira desaparecida. E lá estava ela, sentada à mesa, usando um vestido limpo, elegante, como se nunca tivesse vivido nas ruas.
Abri a porta e gritei, sem querer:
— Meu Deus! O que é isso?!
Dorothy olhou para mim, tranquila.
— Ah, Henry, você voltou.
— Como você fez tudo isso?
— Só limpei. É bom ter um espaço só meu de novo. Achei uma lâmpada e coloquei no abajur. E a planta? Estava lá fora. Achei que daria vida ao ambiente.
— Quem é você? — perguntei, ainda atônito.
Ela sorriu, com um ar misterioso.
— É uma longa história, Henry.
— Tenho tempo — respondi.
Ela começou a contar.
— Fui professora de literatura inglesa. Tive uma família. Perdi meus pais num acidente de carro quando eu tinha trinta anos. Depois, casei com Jack e tivemos um filho, David. Uma noite, saímos para tomar sorvete. Estávamos felizes… e então… — sua voz vacilou. — Um carro bateu no nosso. Jack dirigia. David estava atrás. Eu o segurei enquanto ele partia nos meus braços…
Houve silêncio.
— Depois disso, deixei de ser eu. Perdi o emprego, a casa, tudo. E deixei acontecer.
Seus olhos encontraram os meus.
— Isso é demais, Henry — disse ela.
— Isso ainda é pouco, Dorothy — respondi.
Mais tarde, Sandra a conheceu e admitiu:
— Ela é diferente do que eu esperava. Inteligente, gentil. E tem uma gramática melhor do que nós dois juntos.
Dorothy conseguiu um emprego na biblioteca local. Em menos de um ano, alugou seu próprio apartamento. Um dia fui visitá-la. Havia livros alinhados nas prateleiras e chá me esperando.
— Você conseguiu, Dorothy — eu disse.
Ela sorriu.
— Nós conseguimos, Henry.
E naquele momento, percebi que, às vezes, tudo o que alguém precisa… é um simples ato de bondade.