Ele levou a amante para um hotel 5 estrelas…

Os pisos de mármore do Belmont Imperial Hotel, em São Paulo, brilhavam sob os lustres de cristal enquanto Thiago Barbosa estendia seu cartão de crédito para a recepcionista.

Aos 42 anos, ainda chamava atenção por onde passava: terno sob medida, sorriso confiante, relógio caro.
A mulher agarrada ao seu braço parecia encantada com tudo.

— Que lugar maravilhoso… — murmurou Natália, ajeitando o vestido vinho que reluzia sob as luzes. — Nem acredito que vamos passar a noite aqui.

— Eu te prometi o melhor — respondeu Thiago, apertando a mão dela. — Com você, não aceito nada menos que isso.

A recepcionista, impecável em seu blazer verde-esmeralda, digitou os dados dele no computador.

— Seja bem-vindo ao Belmont Imperial, senhor Barbosa. É um prazer recebê-lo esta noite.

Thiago mal prestou atenção. Estava focado demais na noite que teria, satisfeito com a admiração explícita de Natália.

Em casa, sua esposa, Juliana, acreditava que ele estava em Brasília para um congresso empresarial.
Como sempre, Thiago havia enviado fotos de supostas salas de reunião — que eram, na verdade, bares e restaurantes onde ele encontrava a amante.

Depois de 14 anos de casamento, a confiança cega de Juliana tornara sua vida dupla… fácil demais.

— Seu quarto já está pronto — continuou a recepcionista, entregando o cartão de acesso. — Só preciso avisar que hoje a nova proprietária do hotel está recebendo os hóspedes pessoalmente. É a primeira semana dela na administração.

Thiago franziu a testa.

— Nova proprietária?

— Sim, senhor. O hotel mudou de dono há três dias. Uma novidade e tanto para todos nós.

Ele pegou o cartão com impaciência. Natália já o puxava em direção ao elevador.

E então, uma única palavra congelou seus passos.

— Thiago.

A voz.

Aquela voz que ele reconheceria em qualquer lugar.

Ele virou-se lentamente, o estômago afundando. E então o sangue gelou nas veias.

A poucos metros, iluminada pelos lustres do saguão, estava Juliana.

Ela usava um tailleur azul-marinho, salto elegante, o cabelo preso em um coque impecável.
Não era a mulher simples que ele deixava em casa para “viajar a trabalho”.
Era alguém completamente diferente: firme, segura… no controle.

— Ju… Ju… Juliana? — ele gaguejou. — O que você está fazendo aqui?

Ela caminhou até ele com calma — sem pressa, sem gritos, sem teatralidade. Era a postura de alguém que estava exatamente onde deveria estar.

— Eu sou a dona deste hotel, Thiago — respondeu. — Desde segunda-feira. Ou você não se lembra quando falei que estava fazendo novos investimentos?

A mão de Natália escorregou do braço dele.
A amante olhou para Juliana, depois para Thiago, em choque.

— Essa… essa é a sua esposa? — sussurrou Natália.

— Sim — Juliana respondeu antes que Thiago conseguisse reagir. — Eu sou Juliana Barbosa, esposa dele. E você deve ser a Natália Figueiredo, coordenadora de marketing da empresa do meu marido.

Natália ficou pálida.

— C-como ela sabe o meu nome?

Juliana sorriu — um sorriso educado, porém cortante.

— Eu sei muitas coisas. Inclusive que esta não é a primeira vez que vocês vêm a um hotel juntos. O Royal Garden no mês passado… o Continental há dois meses. Quer que eu continue?

Thiago sentiu o chão balançar.

— Juliana, isso não é o que parece…

Ela ergueu uma sobrancelha.

— Não? — interrompeu. — Então ótimo.

E fez exatamente o que todos no saguão, sem admitir, torciam para que ela fizesse.

Juliana ergueu a mão e entregou um envelope a Thiago.

— Estes são os papéis do divórcio. Já estão assinados por mim. Meu advogado vai entrar em contato amanhã. Quanto ao hotel… — ela sorriu friamente — não se preocupe. Vocês podem ficar. A conta já está paga. Considere isso um “presente de despedida”.

Thiago tentou se aproximar.

— Juliana, por favor, eu posso explicar…

— Não, Thiago. Você pode explicar para o advogado. E para si mesmo.
Eu só vim pessoalmente para garantir que você soubesse que eu não sou mais a mulher ingênua que acreditava nas suas viagens.
Eu cresci. Evoluí. E agora tenho coisas maiores na minha vida do que você.

Ela deu um passo para trás, mantendo a elegância impecável.

— Aproveite sua estadia. Será a última paga por mim.

E, com isso, Juliana virou-se e caminhou em direção ao elevador privativo, sob o olhar perplexo de funcionários e hóspedes.

Natália afastou-se de Thiago, envergonhada.

— Eu não… eu não sabia que ela existia desse jeito. Ela é… incrível.

Thiago abriu a boca para responder, mas não saiu som algum.
Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu medo. Não de perder o casamento — isso já estava consumado — mas do tamanho do erro que cometeu ao subestimar a própria esposa.

Enquanto isso, lá do alto do mezzanino, Juliana observava o ex-marido tentando juntar os pedaços de seu orgulho ferido.

Ela apenas ajeitou o tailleur, ergueu o queixo e seguiu para sua primeira reunião como a nova dona do Belmont Imperial.

Era o começo de uma vida nova.
E ela sabia: nunca esteve tão no comando.