HISTÓRIAS

A Caixa com as Joias da Minha Mãe Estava Vazia — Meu Marido Confessou, Mas Suas Mentiras Não Pararam por Aí.


Agora

Entrei no mercado apenas para comprar mantimentos. Saí de lá com uma verdade que eu nem sabia que precisava ouvir.

Ela estava no corredor dos laticínios. Mel — nossa vizinha. Jovem, loira, recém-divorciada. E pendurado nas orelhas dela… os brincos da minha mãe.

Me aproximei, tentando manter a calma.

— “Oi, Mel! Que brincos lindos!”

— “Ah, obrigada, Rachel! Foram um presente de alguém muito especial, sabe?”

Um presente. De alguém especial. De alguém casado?

— “São realmente lindos,” respondi com um sorriso forçado. “Mas não vieram com um colar e uma pulseira? Um conjunto desses deve ser deslumbrante…”

— “Ah, se eu tivesse essas peças! Mas é só o par de brincos. Talvez meu ‘alguém especial’ ainda me dê o resto do conjunto.”

Naquele instante, eu soube: Derek não apenas penhorou as joias da minha mãe — ele deu parte delas para a amante.

Era um plano egoísta. E muito bem pensado.


Antes

Vazia. A caixa com meus bens mais preciosos estava vazia.

Revirei o quarto como se, de repente, os brincos, o colar e a pulseira pudessem reaparecer magicamente diante dos meus olhos.

Mas não apareceram.

Só uma pessoa sabia onde eu havia escondido aquela caixa com tanto cuidado: Derek.

Talvez ele tivesse levado para o cofre do banco… Pensei.

— “Derek!”

— “O que foi agora, Rachel? Tá cedo demais pra esse escândalo.”

— “As joias da minha mãe. Você pegou?”

— “Claro que não. Vai ver foram as crianças. Elas estão naquela fase de brincar de se fantasiar.”

Fui direto até os quartos.

— “Nora, Eli, Ava… algum de vocês pegou a caixinha que estava debaixo da cama da mamãe?”

— “Não, mamãe,” responderam em uníssono.

Mas Nora hesitou.

— “Eu vi o papai com ela,” disse. “Ele falou que era um segredo. E que ia me dar uma casa de bonecas nova se eu não contasse nada.”

Meu próprio marido havia me roubado.

Passei um tempo sozinha com as crianças, tentando organizar meus pensamentos. Até que não consegui mais evitar. Eu precisava confrontá-lo.

— “Derek, eu sei que foi você. Onde estão as joias?”

Ele respirou fundo.

— “Tá bom, Rachel. Eu peguei.”

Pisquei devagar.
— “Por quê?”

— “Você estava tão triste desde que sua mãe morreu… Achei que umas férias pudessem te animar. Então eu… penhorei as joias e comprei uma viagem pra gente.”

— “Você penhorou as joias da minha mãe?! As joias da minha mãe morta?!”

— “Rachel, estamos passando por dificuldades! Como você não percebe? Ou prefere ignorar? A hipoteca, as contas… Eu só queria fazer algo legal pra você e pras crianças.”

Ele suspirou de forma dramática.

— “Tá bom. Eu devolvo as passagens. Faço o que você quiser. Se prefere continuar nessa tristeza toda… Sério, Rachel. Até as crianças percebem. Tá insuportável.”

Virei as costas antes que dissesse — ou fizesse — algo de que me arrependesse.

E então ouvi a voz da minha mãe ecoar na minha memória:
“Prometa uma coisa, Rachel: nunca pare de escrever seus poemas. Mantenha essa parte viva em você.”


Agora

Sorri para Mel no supermercado enquanto ela falava animadamente sobre iogurte grego e sementes de chia. Eu fingia escutar, mas por dentro… já sabia o que precisava fazer.

Na manhã seguinte, assumi o papel de esposa compreensiva.

— “Derek, posso ver o recibo da casa de penhores?”

Chamei Nora, que comia panquecas distraidamente:

— “Quer vir com a mamãe hoje? Vamos procurar as joias da vovó.”

— “Sim!” — respondeu, animada.

Levar minha filha a uma casa de penhores não era o ideal, mas para ser sincera… ela era a única coisa que me manteria calma naquele momento.

— “Vamos comprar as joias, mamãe?”

— “Sim, meu amor,” respondi.

No balcão, tentei manter a compostura.

— “Seria um bom presente de aniversário para minha esposa,” disse Derek ao atendente.

— “São da minha mãe, senhor,” corrigi. “Por favor.”

Havia apenas uma peça restante: os brincos — os mesmos que Mel estava usando.

Mostrei ao atendente o colar e a pulseira que eu havia conseguido recuperar.

— “Elas fazem parte de um conjunto. São heranças de família. Preciso dos brincos de volta. Eles não pertenciam a Derek.”

Encontrei Mel novamente, e mostrei as peças.

— “Essas joias eram da minha mãe. Derek nunca teve o direito de dá-las.”

Ela ficou pálida.

— “Rachel… eu não sabia. Pensei que fosse um presente de Derek. Eu… não fazia ideia que eram da sua mãe.”

— “Eu entendi, Mel. Tá tudo bem.”

— “Sinto muito,” disse ela com a voz baixa. “Derek me deu atenção quando eu mais precisava. Depois do divórcio, eu estava perdida. Ele me fez sentir viva de novo. Não queria que fosse assim.”

— “Obrigada por ser honesta, Mel,” respondi, virando de costas.


Depois

Esperei Derek voltar ao trabalho. Os papéis já estavam prontos.

Quando chegou em casa, deixei a verdade em cima da mesa.

— “Você não deveria ter dado minhas coisas. Quer dizer… você deu os brincos da minha mãe pra sua amante?!”

Minha voz saiu mais alta do que eu esperava.

— “Você me roubou. Me traiu. E essa é sua última chance. Nosso casamento termina aqui. Isso não tem conserto. Eu não te quero mais.

Virei-me e fui embora.

Ele implorou, claro. Mas eu já tinha terminado por dentro muito antes de sair pela porta.


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