“Achei que conhecia meu noivo — até ver a mensagem no carro dele: ‘Cara errado, dedo errado’”

Achei que tinha encontrado o homem perfeito. Ethan me parecia doce, gentil, atencioso e responsável. Estávamos noivos e começando a planejar o casamento. Eu sorria sozinha só de pensar na sorte que tinha de estar com ele.
Toda manhã, fazíamos questão de tomar café da manhã juntos. Eu acordava cedo, preparava panquecas e o chamava para comermos enquanto conversávamos sobre o dia. Mas naquela manhã, tudo mudou.
Enquanto cozinhava, ouvi a campainha. Era Megan, minha vizinha fofoqueira. Tentei manter a cordialidade, mas seu olhar era estranho, quase… compassivo.
— Rachel, sinto muito… — ela disse.
— Sentir pelo quê? — perguntei, confusa.
— Você acabou de ficar noiva, e agora isso… — ela hesitou. — Você ainda não viu o carro do Ethan?
Meu coração disparou. Corri para fora. No lado do passageiro do carro dele, em letras grandes de tinta spray, estava escrito:
“VOCÊ ESCOLHEU O CARA ERRADO, DEU O DEDO ERRADO!”
Voltei para dentro, chamei Ethan, que ainda dormia. Quando contei, ele fingiu surpresa. Disse que não fazia ideia do que estava acontecendo, que talvez fosse um engano.
— Alguém pode ter confundido meu carro — tentou justificar.
— Você tem certeza de que não está escondendo nada de mim? — insisti.
— Claro que não. Eu te amo, Rachel — respondeu, com um beijo no rosto.
Mas eu não estava convencida. E lembrei que a casa da Megan tinha câmeras viradas para a nossa entrada. Fui até lá, e o irmão dela, Jay, me recebeu. Vimos juntos a gravação da madrugada: uma pessoa encapuzada pichava o carro e ia embora rapidamente. O rosto não aparecia.
Jay me lançou um olhar sincero:
— Rachel… essa mensagem parecia pessoal. Como se alguém estivesse te dizendo algo.
A dúvida plantada por Jay ficou na minha mente o dia todo. Naquela noite, quando Ethan chegou, estava limpando o carro com pressa. Disse que era só uma brincadeira de mau gosto e que estava tudo resolvido.
Naquela madrugada, o celular dele vibrou. Uma mensagem:
“Nos encontramos depois do trabalho. Precisamos conversar.” — junto com um endereço.
No dia seguinte, Ethan disse que ficaria até mais tarde no serviço. Decidi segui-lo até o endereço da mensagem. O carro dele já estava lá. Espiei pela janela e vi Ethan… com um homem. Estavam sentados, conversando e assinando papéis.
Me aproximei e ouvi tudo pela janela aberta.
— Eu tive que fazer isso — dizia Ethan. — Eu te avisei que esse relacionamento acabaria. Eu vou me casar com a Rachel.
E então, ouvi a voz de Jay:
— Mas você disse que me amava…
Fiquei paralisada. Meu estômago revirou.
— Minha família nunca aceitaria — murmurou Ethan.
— Você não pode viver escondido — respondeu Jay. — Você não pode mentir pra Rachel pra sempre.
Não consegui mais me segurar.
— VOCÊ TÁ BRINCANDO COMIGO?! — gritei, invadindo o cômodo.
Ethan congelou.
— Rachel, não é o que parece!
— NÃO É O QUE PARECE?! Eu confiei em você! E você mentiu todos os dias!
— Eu… eu me sinto seguro com você…
— Segurança não é amor, Ethan! Você não se casa com alguém só porque é “confortável”!
— Me perdoa, por favor — implorou.
— Não. Faça as malas. Acabou.
— Mas você não pode me culpar por ser gay!
— Eu não te culpo por isso! Eu te culpo por construir uma vida comigo baseada numa mentira!
Voltamos pra casa em silêncio. Ele arrumou as malas enquanto eu o observava. Queria guardar aquela imagem para nunca esquecer o que era uma traição.
— Rachel… me dá outra chance — suplicou. — A gente construiu uma vida juntos. Isso não vale nada?
— Você jogou tudo fora quando escolheu viver uma mentira.
— E você me fez sentir seguro…
— E você me fez sentir uma idiota.
Ele abaixou os olhos.
— Então é isso?
— É isso.
Ethan saiu, calado, com a mala nas mãos. Bateu a porta ao sair. Fiquei ali, sozinha, engolindo o vazio.
Minutos depois, outro toque na porta. Fui abrir, ainda furiosa.
— EU JÁ DISSE QUE… — parei. Era Jay.
Ele segurava uma caixa de chá.
— Me desculpa — disse. — Eu devia ter te contado antes. Mas eu tive medo.
Olhei para o chá.
— Agora pelo menos eu sei a verdade.
— Quer algo pra acalmar os nervos?
— Vamos precisar de algo mais forte que chá — respondi, meio rindo.
— Posso entrar?
— Pode.
Quando Jay entrou e fechei a porta, percebi algo: eu não estava mais sozinha. Tinha perdido o homem com quem sonhava casar, mas tinha encontrado algo ainda mais importante: a mim mesma.