HISTÓRIAS

Adotei o Cão Mais Velho do Abrigo, Sabendo Que Só Tinha Um Mês de Vida — Meu Objetivo Era Fazer Desse o Mês Mais Feliz da Sua Vida.


Eu não imaginava que uma visita ao abrigo de animais acabaria custando meu casamento. Mas, assim que me ajoelhei diante daquela cadelinha frágil e idosa, eu soube: ela precisava de mim. E talvez… eu precisasse dela também.

Greg e eu tentávamos preencher o vazio do nosso casamento há anos. Tudo parecia estagnado. Até que, em uma noite, sob a luz suave da cozinha, eu disse:

— Talvez devêssemos ter um cachorro.

Greg levantou os olhos do prato, visivelmente desinteressado.
— Um cachorro?

— Algo para amar — murmurei. — Algo para preencher o silêncio.

— Tudo bem. Mas nada daquelas coisinhas barulhentas.

No canil mais distante, encolhida nas sombras, estava Maggie.

A plaquinha na porta me pegou de surpresa:

Cão Idoso – 12 anos – Problemas de Saúde – Apenas para Adoção em Cuidados Paliativos.

Senti Greg se enrijecer ao meu lado.
— Ah, não — disse ele, revirando os olhos. — Essa, não.

— É essa — respondi em voz baixa.

— Você só pode estar brincando — retrucou. — Clara, esse cachorro já tem um pé na cova!

— Ela precisa de nós.

— Ela precisa de um veterinário e de um milagre — retrucou ele. — Não de uma casa.

Virei-me completamente para ele.
— Eu posso fazer ela feliz.

Greg soltou uma risada amarga.
— Se você a trouxer pra casa, eu vou embora. Não vou ficar aqui vendo você se apegar a um cachorro morrendo. Isso é patético.

Fiquei atônita.
— Você não está falando sério…

— Estou. É ela ou eu.

Eu não hesitei.

Greg já estava com as malas prontas quando voltei com Maggie nos braços. Ela parou na porta, hesitante, o corpinho tremendo. Olhou ao redor, assustada.

— Tá tudo bem — sussurrei, ajoelhando ao lado dela. — A gente vai dar um jeito.

Greg passou por nós furioso, arrastando a mala.
— Você enlouqueceu, Clara. Está jogando tudo fora por causa de um cachorro.

Fiquei em silêncio.

Ele parou na porta por um instante, esperando. Esperando que eu o chamasse, que dissesse: “Você tem razão. Fica.” Mas, em vez disso, soltei a guia de Maggie.

Ele soltou uma risada seca.
— Inacreditável.

E foi embora.

Os primeiros dias foram difíceis. Maggie estava fraca, e às vezes nem tocava na comida.

Enquanto isso, os papéis do divórcio chegaram. No começo, ri.
— Ele realmente foi embora…

Depois, chorei.

Mas Maggie estava lá. Silenciosa, presente. Minha companheira.

Com o tempo, algo começou a mudar. Ela voltou a comer melhor. Seu pelo, antes opaco e ralo, começou a brilhar. E uma manhã, ao pegar a guia, ela abanou o rabo.

— Quer dar uma voltinha hoje? — perguntei.

E, pela primeira vez em meses, eu sorri.

Estávamos felizes. Juntas.

Seis meses depois, eu saía de uma livraria com um café em uma mão e um livro na outra.

— Clara — ouvi uma voz familiar.

Congelei.

Greg.

Ele estava parado ali, com aquele sorrisinho convencido, como se tivesse esperado por esse momento.

— Ainda sozinha? — perguntou. — E aquela sua cachorrinha?

— Maggie?

— Isso. Aposto que já se foi, né? Tanto esforço por um cachorro que mal durou alguns meses. Valeu a pena?

— Você não precisa ser tão cruel, Greg.

— Só estou sendo realista. Você jogou tudo fora por um cachorro. E olha pra você agora. Sozinha. Miserável. Mas, pelo menos, pôde brincar de heroína, né?

— O que você está fazendo aqui?

— Estou esperando alguém. Mas não resisti em vir dar um “oi”. Sabe, você estava tão obcecada com aquele cachorro que nem percebeu o que eu escondia de você.

Um peso gelado caiu sobre meu peito.
— Do que você está falando?

Antes que ele pudesse responder, uma mulher jovem e deslumbrante apareceu ao lado dele.

— Oi, Clara. Desculpa o atraso — disse uma voz atrás de mim.

Greg empalideceu. O sorriso sumiu.

Era Mark.

Ele se aproximou com naturalidade, como se sempre tivesse feito parte da cena. Uma xícara de café em uma mão, a guia de Maggie na outra.

Mark me entregou o café com um sorriso e beijou minha bochecha.

Greg ficou boquiaberto.
— Espera… isso é…

— Maggie — respondi, acariciando as orelhas dela. — E ela não vai a lugar nenhum.

— Ela está ótima — continuei, erguendo a cabeça. — Parece que tudo que ela precisava era de amor e cuidado. Engraçado como isso funciona, né?

Mark, tranquilo, me entregou a guia.
— Vamos ao parque?

— Isso é ridículo — murmurou Greg.

— Você tem razão — respondi. — Ridículo foi você achar que eu me arrependeria de ter deixado você ir.

O rosto dele se contorceu de raiva, mas eu não me importava mais.

— Vamos? — perguntou Mark, apontando para o parque.

— Mais do que nunca — respondi, sorrindo.

Seis meses depois, voltamos ao mesmo parque. Mas tudo era diferente.

— Maggie, o que é isso? — perguntei, notando algo preso à coleira.

Mark sorriu.
— Por que você não dá uma olhada?

Desamarrei a fitinha, com os dedos tremendo. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, Mark estava de joelhos.

— Clara — disse ele, suavemente. — Quer se casar comigo?

Olhei para Maggie, sorri entre lágrimas e respondi:

— É claro que sim.


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