HISTÓRIAS

“Atendi sem querer o celular do meu marido — e descobri sua vida dupla”

Naquela manhã, tudo parecia normal. Meu filho já havia saído para a escola, e eu estava me despedindo de Raymond, meu marido, quando ele se apressou para pegar a pasta.

— Preciso correr. O Sr. Richards já está me esperando — murmurou ele, já abrindo a porta.

Minutos depois, o telefone começou a tocar. Sem pensar, atendi achando que era o meu. Foi então que tudo desabou.

Eu te avisei! Se você não se livrar dela, eu vou contar para todo mundo que estou grávida do seu filho! — disse uma voz de mulher, afiada e furiosa.

Meu coração parou. Aquela voz… eu a conhecia. Era Vera. Minha irmã.

— Eu não vou esperar mais, Ray. Esse é o seu último aviso. Diga para ela hoje, ou então…

A ligação caiu. E comigo, caiu também o chão sob meus pés.

Raymond. Vera. Uma traição. Um bebê.

Tremendo, desbloqueei o celular. Sabia a senha. Bastou rolar pelas mensagens e tudo estava ali — a prova escrita de meses de mentiras. Vera pedindo que ele contasse logo. Raymond respondendo com frieza: “Ela não vai receber um centavo. Vou garantir isso.”

A dor virou raiva. E a raiva virou decisão.

Peguei minhas chaves e fui direto ao escritório de Jack, marido de Vera.

— Julianne? — ele perguntou, surpreso. — Aconteceu alguma coisa?

Coloquei o celular sobre a mesa dele.

— Veja com seus próprios olhos.

Enquanto ele lia as mensagens, seu rosto endureceu. Jack era calmo por natureza, mas naquele momento, vi a fúria contida em cada músculo tenso do seu rosto.

— Eles foram longe demais — disse ele, enfim. — Vamos acabar com isso. Juntos.

Com um plano nas mãos e provas suficientes, Jack e eu organizamos tudo.

Naquela mesma noite, convidei Vera e Raymond para jantar. Fiz questão de parecer normal. Raymond, desconfiado, perguntou do celular.

— Ah, querido, está na sua gaveta de cabeceira. E… Jack e Vera vêm para o jantar, tudo bem?

Antes do jantar, mandei Ethan dormir na casa de um amigo. Queria protegê-lo.

Quando nos sentamos à mesa, servi vinho. Coloquei um copo na frente de Vera.

— Ah, não pra mim — disse ela, desconfortável. — Não estou me sentindo muito bem ultimamente…

— É normal no primeiro trimestre, não é? Grávidas não devem beber — respondi, fria.

Raymond largou o talher. Vera ficou em choque.

— Não se façam de desentendidos — continuei. — Eu sei de tudo.

Nesse momento, Jack se levantou e colocou duas pastas sobre a mesa. Uma diante de Vera. Outra diante de Raymond.

— Papéis do divórcio — disse ele, firme. — E sim, os dois foram revisados por um advogado. Nenhum de vocês vai sair impune.

Raymond tentou argumentar. Mas eu o cortei.

— Você destruiu nossa família. Por ganância. Por egoísmo.

Ele não respondeu. Só abaixou a cabeça, derrotado.

Nas semanas seguintes, Jack e eu fomos firmes. Ele pediu a guarda dos filhos. Eu garanti o que me era justo. Vera perdeu o rumo. Raymond perdeu reputação, dinheiro e paz.

A cidade inteira ficou sabendo. E a cada sussurro nos corredores do mercado, eles provavam do próprio veneno.

Um mês depois, observando Ethan brincar no jardim, respirei fundo.

Minha vida estava em pedaços. Mas agora os pedaços eram meus. E eu estava pronta para reconstruí-la.

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