Contratei uma Cuidadora para Meu Pai Idoso — Então Ele Me Disse: “Ela Não É Quem Diz Ser”.

Contratar uma cuidadora para o meu pai, Frank, parecia ser a solução perfeita. Após uma pequena queda, ele ficou limitado e não conseguia mais cuidar de si mesmo como antes. O médico foi claro: ele precisava de ajuda. E, pela primeira vez, eu concordei sem hesitar.
Meu trabalho me consumia e, apesar de querer estar presente, eu não conseguia. Eu precisava de alguém confiável, alguém que realmente cuidasse dele com carinho.
Foi assim que Tessa apareceu em nossas vidas.
Na casa dos 30 e poucos anos, ela tinha um jeito doce e acolhedor que logo conquistava quem estivesse por perto. Era paciente, atenciosa, profissional e muito sensível.

Para minha surpresa, meu pai criou laços com ela rapidamente. Em poucos dias, ele estava sorrindo e rindo novamente — algo que eu não via há meses. Pela primeira vez em muito tempo, eu consegui respirar aliviada. Parecia que tudo estava no caminho certo.
Mas essa sensação de alívio durou pouco.
Numa noite, depois que Tessa já havia ido embora e eu estava recolhendo a louça do jantar, meu pai segurou meu pulso com urgência. Seus olhos estavam tomados por um medo que eu não via desde minha infância.
— Filha… ela não é quem diz ser — ele sussurrou, mesmo sabendo que estávamos sozinhos. — E ela anda pegando coisas…
Hesitante, ele continuou:
— Coisas pequenas. Minha camisa de flanela antiga. Um livro que guardei desde a faculdade. Aquele relógio de bolso que sua mãe me deu antes de morrer…
— Pai, talvez você tenha perdido essas coisas. Você tem estado um pouco esquecido ultimamente — respondi, tentando acalmá-lo.
Mas algo naquela conversa não saiu da minha cabeça. Meu pai nunca fazia acusações levianas. E o medo nos olhos dele era real.
Na noite seguinte, cheguei tarde do trabalho e entrei pela porta dos fundos, tentando não fazer barulho. No corredor, ouvi uma voz baixa e aflita. Era Tessa.
— Ainda não é hora… — ela dizia. — Ele está fraco. Acho que preciso de mais uma ou duas semanas.
Meu coração disparou. Saí dali sem ser vista e me tranquei no quarto, tremendo.
Na manhã seguinte, decidi: demitiria Tessa naquela mesma noite. Sem discussão.
Mas o destino tinha outros planos.
De repente, ouvi um choro. Não era qualquer choro — era o do meu pai!
Corri, desesperada, até a sala. Ele estava sentado, emocionado, e à sua frente, Tessa ajoelhada, segurando uma pilha de papéis e chorando.
Eu já ia gritar ou ligar para a polícia, quando meus olhos se voltaram para a mesa de centro.
Lá estava a camisa de flanela do meu pai. E a minha blusa favorita, que havia sumido. E, nas mãos de Tessa — meu coração quase parou — um teste de DNA!
— Eu só peguei a camisa e sua blusa para conseguir amostras de cabelo para o teste de DNA — explicou ela, entre lágrimas.
Meu pai me olhou e depois voltou o olhar para ela, engolindo em seco.
— Ela é minha filha. Sua irmã mais velha, Monica.
Fiquei sem reação.
— Mas… aquela ligação estranha que você fez ontem… Eu ouvi. Estava falando com quem? Sobre esperar os resultados? — perguntei, ainda confusa.
— Eu estava falando com um detetive particular. Guardei dinheiro por anos até conseguir contratar alguém que encontrasse meu pai biológico — disse Tessa, com a voz embargada.
Naquele momento, o medo que eu sentia se transformou em algo completamente diferente.
Eu não via mais uma estranha. Eu via parte da nossa família.
E, a partir dali, tudo mudou.
Não éramos mais desconhecidas. Éramos irmãs.