DIRETORA DEMITE O VELHO ZELADOR E SE ARREPENDE IMEDIATAMENTE APÓS DESCOBRIR SEU RELÓGIO GASTO.

— HISTÓRIA DO DIA
Quando uma mãe arrogante invadiu o escritório da diretora Emma Moore com uma lista de exigências, parecia só mais uma batalha em sua luta diária por justiça na escola. Mas um comentário cruel ouvido no corredor e um relógio velho e desgastado a forçaram a encarar perguntas mais profundas — sobre o sistema, seu papel nele e as linhas morais que talvez tivesse cruzado.
As luzes fluorescentes no teto piscavam irregularmente, acompanhando a dor de cabeça que latejava na testa de Emma. Ela pressionou os dedos nas têmporas, tentando aliviar a tensão de mais um dia sufocante. Pilhas de relatórios, cobranças do distrito, orçamentos reduzidos… tudo parecia um peso constante.
Foi então que a tranquilidade foi quebrada por uma batida seca na porta. Antes que Emma pudesse responder, a porta se abriu com um rangido.
— Bom dia, diretora Moore.
Era Linda Carlisle, presidente da associação de pais, vestida com um casaco branco impecável e uma bolsa de couro que valia mais que o orçamento anual da biblioteca da escola. Sem pedir licença, ela jogou uma pasta volumosa sobre a mesa de Emma.
— Aqui está outra lista — disse ela friamente. — Preocupações de famílias que esperam um certo padrão, considerando quem são seus filhos.
Emma endireitou a postura, mantendo o tom calmo:
— Entendo. Todos queremos o melhor para nossos alunos. Mas nosso objetivo é uma educação igualitária, para todos — sem exceções.
— Isso é uma filosofia ultrapassada, Emma — retrucou Linda. — Alguns mudarão o mundo. Outros vão esfregar o chão. Você deveria priorizar com base nisso.
Emma manteve o olhar firme:
— Todos os nossos alunos merecem as mesmas oportunidades.
Linda saiu furiosa, jogando a porta com força. Emma permaneceu sentada, exausta, sentindo-se sozinha em sua missão.
Mais tarde, ela caminhou até a sala do zelador. A placa estava apagada, e a porta, amassada. Ao bater, foi recebida com um sorriso caloroso.
— Diretora Moore! — disse Johnny, o zelador, já idoso, com um boné velho e uma caneca lascada na mão.
— Preciso do seu famoso chá ruim — brincou Emma.
Johnny sorriu e a convidou para entrar. A sala era simples, mas acolhedora, com cheiro de hortelã, couro velho e poeira. Eles conversaram, tomaram chá e respiraram — um raro momento de paz.
Mas essa calmaria foi interrompida no corredor, quando um aluno mimado, Trent, zombou de Emma por estar “treinando para ser faxineira”. Antes que ela pudesse reagir, Johnny tomou a frente:
— Não se fala com uma mulher assim, rapaz. Sua mãe deveria ter lhe ensinado isso.
No dia seguinte, Linda voltou furiosa:
— Meu filho foi humilhado. Se esse zelador não for demitido hoje, será o seu fim, Emma. Eu conheço gente.
Emma, com o coração apertado, procurou Johnny e, envergonhada, disse que teria que dispensá-lo.
— Está tudo bem — respondeu Johnny com dignidade. — Você tem uma escola para proteger. Tive uma boa carreira.
Quando ele saiu para terminar de arrumar suas coisas, Emma notou algo no chão: um velho relógio de pulso com pulseira de couro gasta e vidro arranhado. No verso, uma inscrição quase apagada: “Seja sempre fiel a si mesma, EM.”
Ela congelou. Tinha dado aquele relógio a Johnny vinte anos atrás, em seu primeiro dia na escola. E agora percebia que acabara de trair seu próprio princípio.
Com lágrimas nos olhos, ela correu pelos corredores até alcançar Johnny do lado de fora.
— Johnny! — gritou.
Ele parou e se virou. Emma, ofegante, estendeu o relógio:
— Você esqueceu isso.
Ele olhou o objeto, emocionado.
— Não era minha intenção deixá-lo para trás — sussurrou.
— Eu me esqueci de quem sou, Johnny… — disse ela, com a voz embargada.
Ele assentiu devagar:
— Então lembre-se agora.
— Por favor, volte. Eu enfrento as consequências.
Johnny sorriu levemente:
— Tudo bem. Mas é bom que você faça isso da maneira certa.
Na manhã seguinte, Emma estava sentada em sua mesa, com o relógio antigo no pulso. Ele marcava o tempo com suavidade, como se dissesse a cada segundo: seja fiel a si mesma.
A porta se abriu. Linda entrou com Trent atrás dela.
— Vejo que o zelador ainda está aqui — disse ela, triunfante. — Já tomou sua decisão?
Emma se levantou com firmeza:
— Sim. E hoje me despeço.
— Ótimo. Você não vai se arrepender — disse Linda, sorrindo.
Emma então olhou para Trent:
— Adeus, Trent. Você está expulso.
— O quê?! — gritou ele. — Você não pode fazer isso!
— Esta escola não tolera crueldade. Nem privilégios injustos. Você passou dos limites.
Linda ameaçou:
— Você vai se arrepender. Meu marido…
— Deixe que venha. Que venham todos. Eu não vou mais me curvar.
Emma olhou para o relógio em seu pulso, que brilhava sob a luz da manhã.
— Prefiro perder meu emprego a perder quem eu sou.
Linda saiu furiosa. Trent a seguiu, cabisbaixo.
Momentos depois, Johnny apareceu na porta com um sorriso torto:
— Bem… até que foi melhor do que eu esperava.
Emma riu entre lágrimas:
— Temos um telhado para consertar e um jardim para plantar.
— E um chá para fazer — completou ela.
E juntos, caminharam pelos corredores — diretora e zelador, lado a lado — de cabeça erguida, sabendo que tinham feito o que era certo.