HISTÓRIAS

“ELA NÃO É A MÃE DELE”: MEU MARIDO ENVIOU A PRÓPRIA AMANTE PARA ASSINAR A AUTORIZAÇÃO MÉDICA DO MEU FILHO

— E EU DESCOBRI UM PLANO MACABRO.

Até aquele dia, tudo parecia absolutamente normal. Eu estava no escritório, em plena reunião trimestral de vendas, analisando gráficos e projeções na tela, quando meu celular vibrou sobre a mesa de mogno. Ao ver o nome da escola do meu filho, “San José”, um arrepio me percorreu. As mães têm esse sexto sentido que despedaça o ar antes mesmo da tragédia ser anunciada.

Me levantei às pressas e atendi no corredor.

Sra. Pérez? Aqui é a diretora García.
O tom dela dizia tudo.
Izan teve uma reação alérgica grave durante o almoço. A ambulância está levando ele ao Hospital Universitário de La Paz. Você precisa ir agora.

Meu mundo desabou.

Não lembro de pegar minha bolsa, nem de avisar meu chefe. Apenas corri. No estacionamento subterrâneo, minhas mãos tremiam tanto que mal consegui abrir o carro. Dirigi pela M-30 como quem tenta alcançar o impossível, desviando do trânsito de Madri com o pisca-alerta ligado e a mente em colapso.

Izan tinha apenas oito anos. O meu menino, minha vida inteira.

Ele sempre foi alérgico a amendoim, mas a escola tinha protocolos rígidos. Como isso aconteceu? Ele estava consciente? Estava respirando? As perguntas vinham como pedras, me esmagando.

Quando cheguei ao hospital, abandonei o carro de qualquer jeito e corri pela entrada de emergência. As portas automáticas pareceram lentas demais, o cheiro de antisséptico me embrulhou o estômago. Eu mal conseguia respirar.

Meu filho, Izan Pérez! — gritei na recepção. — Ele chegou de ambulância. Onde está?

A recepcionista mal teve tempo de responder.

Foi quando vi algo que fez meu sangue gelar.

No posto de enfermagem, segurando uma prancheta e uma caneta, estava ela: Fiona, a suposta “sócia” do meu marido. A mulher que eu sempre soube, no fundo da alma, que não era apenas colega de trabalho.

A enfermeira olhou de uma para outra, confusa.

Com licença… quem é você? — perguntou, percebendo minha entrada abrupta.
Sou Natalia Pérez, mãe do Izan. — Minha voz saiu baixa, trêmula… de ódio.

A enfermeira empalideceu.

Mas… ela disse que era a mãe dele. Estava assinando os termos de consentimento para o tratamento.

O chão desapareceu sob meus pés. Fiona arregalou os olhos, mas não recuou. Era como se estivesse… preparada.

Naquele instante, a dor deu lugar à fúria.

Aquela mulher não estava apenas se envolvendo com meu marido — ela estava tentando ocupar o meu lugar no momento mais vulnerável da vida do meu filho.

E, pior ainda: por quê? Para quê ela precisava assinar algo por mim? Como ela chegou ali antes de mim? Quem a avisou?

Eu sabia a resposta.
Só um homem poderia ter feito isso: meu marido, Javier.

O médico apareceu correndo naquele momento, desviando de nós.

A senhora… a verdadeira mãe? — perguntou, olhando diretamente para mim.
Assenti rapidamente.
Precisamos da assinatura correta. Seu filho está estável, mas a reação foi severa.

Assinei tremendo, sentindo o olhar de Fiona queimando minhas costas.

Quando o médico saiu, eu me virei para ela.

O que você está fazendo aqui? Quem te chamou? — perguntei entre dentes.
Ela hesitou por um instante… e então deixou escapar:
Javier pediu. Ele disse que você… talvez demorasse.

Demorasse? Eu respondi a ligação da escola em segundos.
Por que ele acharia que eu demoraria?

A resposta veio como um soco no peito:
Ele queria que ela estivesse aqui. Ele queria que ela assinasse.

Mas para quê?

Antes que eu pudesse pressioná-la mais, meu celular vibrou. Era Javier.

Atendi.

Natalia? Você já está no hospital? — perguntou com uma calma que me deu náuseas.
— Já. E adivinha quem encontrei assinando no meu lugar?

Silêncio do outro lado.

Natalia… eu posso explicar.
— Pode tentar — respondi fria. — Mas antes disso, me diga: por que você mandou sua amante se passar por mim para autorizar um procedimento médico do meu filho?

Ele demorou a responder. Longos segundos.

Era para o bem dele. A escola me ligou primeiro. Eu estava mais perto do hospital. Eu… eu só pedi para a Fiona ajudar até você chegar.
Assinar como se fosse eu NÃO é ajudar.

Meu corpo tremia. Algo não fechava.
Por que a escola ligaria para ele primeiro, se todos os contatos de emergência eram meus?
Por que ele sabia da reação antes de mim?
E principalmente…

Por que Fiona parecia tão segura, tão confortável, tão… dona da situação?

A resposta chegou quando a diretora García me retornou mais tarde — e desvendou o pesadelo.

Sra. Pérez… eu verifiquei os registros. Hoje, pela primeira vez, o contato principal de emergência estava alterado. Seu número havia sido substituído pelo do seu marido às 08h12 da manhã.

Eu não mudei nada.
A escola não mudaria nada sem autorização.
Javier tinha acesso ao portal digital de pais.

Ele mexeu nos contatos.

Se o meu telefone não estivesse lá, a escola ligaria para quem?

Para ele.

E, se ele dissesse que eu estava longe…
E pedisse para outra pessoa ir no meu lugar…
O hospital aceitaria, acreditando que era a substituta autorizada.

Era um plano.

Um plano para tirar de mim o direito de decidir sobre meu próprio filho.

Mas por quê?

A peça final do quebra-cabeça veio dias depois, quando finalmente tive coragem de confrontar Javier cara a cara.

Ele confessou.

Fiona estava pressionando para assumir a guarda de Izan caso algo acontecesse comigo. Eles estavam planejando se mudar para outra cidade — ou até outro país.

Ela queria montar uma nova vida com ele, e meu filho fazia parte desse “pacote perfeito”.

A assinatura dela no hospital não foi coincidência.
Foi um teste.
Uma prova para ver se seria aceita pelas instituições como “mãe substituta”.

Javier chorou, pediu perdão, disse que havia perdido o controle da própria vida…

Mas eu não derramei uma lágrima.

— Você quase colocou nosso filho em risco. Planejou apagar a minha presença como mãe. Isso não é erro. É perversidade.

Daquela noite em diante, entrei com pedido de divórcio, revisei todos os documentos escolares, conversei com advogados, e fiz questão de garantir legalmente que nenhuma outra pessoa pudesse interferir nas decisões médicas de Izan.

Fiona desapareceu da nossa vida.
Javier agora só vê o filho sob supervisão.

E eu?

Eu sigo cuidando de Izan, que felizmente se recuperou totalmente.

Mas nunca esquecerei o que vi naquele hospital:
a amante do meu marido, com uma caneta na mão, prestes a assinar no meu lugar…

Como se pudesse me substituir.

Como se eu não existisse.

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