Empurrada no Rio Gelado: A História de Ksenia

Grisha, um garoto de dez anos, voltava para casa da escola, pulando alegremente pela margem do rio. O gelo havia derretido completamente, e a grama nova despontava verde pelas beiradas. Mas seu bom humor desapareceu quando avistou uma senhora idosa encharcada, tremendo de frio e chorando sozinha perto da água.
— “Olá! A senhora está bem?” — ele perguntou, notando um monte de roupas molhadas ao lado dela. — “A senhora caiu no rio?”
— “Ah, meu filho, não foi um acidente… me empurraram,” respondeu a mulher entre lágrimas. — “Eu só queria chegar até a vila para me aquecer, mas senti uma câimbra horrível e não consegui mais me mover.”
— “Espere aqui, vovó! Eu volto já!” — gritou Grisha, virando-se e correndo o mais rápido que pôde em direção ao vilarejo.
Ao chegar em casa, entrou porta adentro gritando:
— “Mamãe! Tem uma senhora lá no rio, toda molhada e congelando! Ela disse que foi empurrada e não consegue andar. Quero levar algo quente pra ela!”
Lyudmila, sua mãe, não pensou duas vezes. Pegou o velho casaco de pele do falecido marido, cobriu um carrinho de quatro rodas que usava para levar leite até a estrada principal e saiu correndo com o filho rumo ao rio.
Ao chegarem, a senhora não estava mais sentada: estava deitada na grama, encolhida pelo frio. Lyudmila rapidamente a envolveu com roupas quentes, a acomodou com cuidado no carrinho e a levou para casa.
Após um banho quente, uma boa refeição e uma xícara de chá, a idosa — chamada Ksenia Petrovna — estava finalmente tranquila, embora visivelmente emocionada com tanta bondade. Enquanto Grisha saía para brincar, Lyudmila se sentou ao seu lado e perguntou o que havia acontecido.
— “Eu morava com meu filho mais velho,” começou Ksenia. — “Enquanto a primeira esposa dele, Lenochka, esteve viva, tudo corria bem. Ela era enfermeira, cuidava de mim, me lembrava dos remédios… Mas quando ela ficou doente, meu filho contratou uma cuidadora e depois a levou para um asilo. Após o falecimento dela, seis meses depois, ele apareceu com uma nova esposa — uma jovem modelo chamada Mila. E essa não gostava de mim nem um pouco. Dizia que eu sujava a casa, jogou fora meus remédios, reclamava até do cheiro que dizia ser de ‘velha’.”
Com a voz embargada, Ksenia contou que, certo dia, pediu à nora para levá-la até a casa do filho mais novo, que vivia no campo. Mila gritou, mas depois concordou. Ela preparou a mala, mas a nora deu-lhe apenas uma sacola de papel, dizendo que não carregaria sua bagagem. Quando chegaram a uma ponte sobre o rio, Mila parou o carro, apontou para a outra margem e disse:
— “Ali é o seu destino.”
Ksenia saiu do carro, se aproximou da beira… e foi empurrada. Caiu com tudo no rio, sacola e tudo. Mila foi embora sem olhar para trás.
Lyudmila ficou horrorizada e quis chamar a polícia, mas Ksenia recusou, dizendo que só queria reencontrar seu filho mais novo e descansar em paz.
— “Fique conosco até sábado,” disse Lyudmila com ternura. — “Depois disso, a gente te leva até seu filho.”
Nos dias seguintes, Ksenia se recuperou visivelmente. Ajudava Grisha com as tarefas da escola, revelando que havia sido professora em Lozovaya. E foi justamente numa celebração dos dez anos da escola que algo inesperado aconteceu.
Durante o evento, um jipe estacionou, e um homem desceu com um buquê de flores. Quando a diretora da escola anunciou no microfone:
— “Hoje recebemos uma convidada especial: nossa amada primeira professora, Ksenia Petrovna Rudkovskaya!”
Um silêncio tomou conta do público. O homem correu até ela, a abraçou forte e ajudou-a a subir no palco. Era Viktor Rudkovsky — o filho caçula de Ksenia.
Mais tarde, longe da multidão, mãe e filho choraram abraçados. Na manhã seguinte, Viktor apareceu na casa de Lyudmila com um buquê de flores.
— “Bom dia, Lyudmila! Mamãe e eu gostaríamos que você e Grisha jantassem conosco hoje.”
À noite, ele não veio de mãos vazias: trouxe frutas, um presente para Grisha — uma bicicleta novinha — e uma nova ordenhadeira para Lyudmila. Aos poucos, suas visitas se tornaram frequentes. Às vezes vinha sozinho, disposto a ajudar na casa e conversar. Ksenia sempre preparava algo especial nesses dias.
No final de junho, Viktor e Lyudmila se casaram. Ele mudou-se definitivamente para Lozovaya, alugou sua casa anterior e transferiu Grisha para a escola local. No verão seguinte, celebraram o aniversário de Viktor — mas com uma ausência especial: Lyudmila não pôde comparecer.
Ela havia acabado de dar à luz o segundo filho do casal: o pequeno Stepan.