HISTÓRIAS

Meu marido decidiu ficar com os filhos após o divórcio. E que fique mesmo…

Alejandro e eu fomos casados por mais de uma década. Vivemos de tudo: momentos felizes, desentendimentos, mas nunca houve traição. Temos dois filhos — o mais velho e uma menininha que acabou de completar três anos. Eu acreditava, com toda a certeza, que éramos uma família inquebrantável. Permanecer tanto tempo juntos, sem se ferir, já era uma vitória. Até que, como um raio em um dia ensolarado, descobri sua amante. Foi tudo vulgar e repulsivo. Ele me traiu. Pisoteou o meu amor, a minha confiança, os meus sonhos — como se fossem lixo. Não gritei, não fiz escândalo. Apenas pedi o divórcio. Continuar ao lado dele era impossível.

No começo, Alejandro resistiu. Implorou, disse que foi um erro, que ainda poderíamos nos recuperar. Mas minha decisão estava tomada. Um coração partido não se remenda. Então ele soltou:
— Tudo bem. Vamos nos divorciar. Mas as crianças ficam comigo.

Fiquei sem entender. Ele, com toda a seriedade, argumentou que poderia oferecer um futuro estável a elas, enquanto eu nem conseguia me sustentar.

Aquelas palavras me tiraram o ar. Quando consegui pensar com clareza, refleti: e se ele estivesse certo? Ele herdou um apartamento da mãe em Madri, tem um bom salário em uma empresa em Valência e um carro. Eu, depois de anos dedicada à criação dos filhos, estava há seis meses em um emprego instável, morando num estúdio alugado em Getafe e com contas de luz atrasadas. Eu não tinha condições de sustentar duas crianças sozinha. Não queria arrastá-las para a pobreza. Com ele, teriam comida, teto, roupas, segurança.

Não me rendi — eu escolhi por eles. Fomos ao tribunal. O divórcio foi rápido, sem brigas. Ele abriu mão da pensão alimentícia, disse que daria conta sozinho. Eu prometi ajudar no que fosse possível. Nosso filho, Adrián, chorou por noites seguidas. A pequena Lucía, no começo, perguntava por que a mamãe não dormia mais em casa. Aos fins de semana, eu os levava para meu apartamento, oferecia abraços, brincadeiras, todo o amor que cabia em mim.

No início, Alejandro me ligava vinte vezes por dia:
— Como faz a papinha?
— Eles não dormem.
— Estou esgotado.

Depois, as ligações foram diminuindo. Três meses depois, quase não existiam mais. Enquanto isso, fui promovida no escritório onde trabalhava em Alcobendas e comecei a juntar dinheiro para um apartamento maior.

Dois meses depois, ele apareceu com uma mudança repentina:
— Mudei de ideia — disse. — As crianças estão complicando minha nova vida. Estou exausto. Você vai ter que ficar com elas.
— Eu não assinei para isso.

Fiquei em choque. Era o mesmo homem que havia jurado responsabilidade, que prometeu dar tudo aos filhos… agora os devolvia como se fossem móveis velhos? E ainda teve a ousadia de me acusar de tê-los abandonado, de ser uma má mãe.

Mas eu não sou. Só me recusei a seguir o exemplo de tantas mulheres que sacrificam a própria saúde tentando cumprir expectativas alheias.

Foi ele quem traiu. Foi ele quem destruiu a nossa família. Por que eu teria que carregar tudo sozinha? Eu não sou uma heroína. Sou uma mulher comum. E meus filhos têm pai. Que ele assuma a parte dele.

Amo meus filhos com todas as forças. Mas tomei uma decisão fria, racional. Talvez algumas pessoas me julguem. Não me arrependo. Eu não os abandonei. Eu lhes garanti estabilidade.

O tempo dirá quem estava certo.

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