HISTÓRIAS

MEU MARIDO TROCOU NOSSA FAMÍLIA POR SUA AMANTE

— TRÊS ANOS DEPOIS, OS ENCONTREI NOVAMENTE, E FOI PLENAMENTE SATISFATÓRIO

Durante muitos anos, minha vida girava em torno das rotinas da casa, das caronas para a escola, dos deveres de casa e dos jantares em família. Eu vivia pelos meus filhos: Lily, minha filha animada de 12 anos, e Max, meu menino curioso de 9.

O casamento com Stan teve seus altos e baixos, como qualquer outro, mas eu acreditava que nosso laço era sólido.

Ultimamente, ele vinha trabalhando até mais tarde. Mas isso não é incomum, certo?

Até que, numa terça-feira comum, enquanto preparava a sopa preferida da Lily — aquela com macarrão em formato de letrinhas — ouvi a porta da frente se abrir. Logo em seguida, o som inconfundível de saltos altos no chão.

“Stan?” chamei, enxugando as mãos no pano de prato.

Ao entrar na sala, meu coração afundou.

Lá estavam ele… e uma mulher. Alta, bonita, elegante, com um sorriso afiado como uma lâmina. O olhar que Stan lançava a ela era o tipo de carinho que eu não via há meses.

— Bem, querido — disse ela, me medindo com os olhos. — Você não exagerou. Ela realmente se deixou levar. Que pena. Ela tem até uma boa estrutura óssea.

Senti o ar escapar dos meus pulmões.

— Como é? — perguntei, chocada.

Stan cruzou os braços e falou com frieza:

— Lauren, precisamos conversar. Essa é a Miranda. E… eu quero o divórcio.

— Divórcio? E as crianças? E a nossa vida?

— Você vai dar um jeito — disse ele, como se falasse do tempo. — Vou mandar pensão. Mas Miranda e eu estamos falando sério. Trouxe ela aqui pra deixar claro que não vou mudar de ideia.

E, como se não bastasse, completou:

— Ah, e hoje você dorme no sofá ou vai pra casa da sua mãe. Miranda vai dormir aqui.

Naquele momento, percebi que não era mais a mesma mulher de antes. Eu estava destruída por dentro, mas não daria a ele o prazer de me ver desmoronar.

Fui até o quarto da Lily, que me olhou preocupada:

— Mamãe, o que está acontecendo?

Ajoelhei ao lado dela e acariciei seu cabelo.

— Vamos passar uns dias na casa da vovó, querida. Vá arrumar suas coisas, tá bom?

— Por quê? Cadê o papai? — perguntou Max, aparecendo na porta.

— Às vezes, os adultos cometem erros. Mas a gente vai ficar bem. Eu prometo.

Naquela noite, com as crianças dormindo no banco de trás do carro, dirigi até a casa da minha mãe com o coração em pedaços e a mente cheia de perguntas. Como ele pôde fazer isso? Como eu explicaria tudo aquilo para os meus filhos? Como reconstruir uma vida a partir da traição?

Minha mãe me recebeu com um abraço apertado. Os dias seguintes foram um turbilhão de documentos, idas à escola e conversas difíceis com as crianças. O divórcio veio rápido, mas o acordo parecia uma piada.

Consegui alugar uma casinha modesta com dois quartos. Era pequena, mas era nossa. Um lugar seguro, onde ninguém nos trairia.

Stan ainda enviava a pensão nos primeiros meses. Depois parou. Assim como os telefonemas. Ele desapareceu — não só da minha vida, mas da dos filhos também. Eles não o viam há mais de dois anos. Ele não apenas me abandonou. Abandonou as crianças também.

Com o tempo, fui me reerguendo — por eles e por mim.

Três anos se passaram. Lily entrou no ensino médio, Max mergulhou no mundo da robótica. Nossa casa simples era cheia de risadas e amor. A vida finalmente estava no lugar.

Até que, numa tarde chuvosa, tudo se fechou em um ciclo.

Eu voltava do supermercado, carregando as sacolas, quando o vi. Stan, sentado com Miranda num café decadente do outro lado da rua. Ele parecia acabado. A camisa amarrotada, a gravata pendendo torta. Miranda, apesar das roupas de marca, usava um vestido desbotado, bolsa desgastada e sapatos quase se desfazendo.

Ele me viu. Os olhos se arregalaram. Levantou-se de repente:

— Lauren! Espera!

— Lauren, me desculpa por tudo — disse, a voz trêmula. — Por favor, podemos conversar? Eu preciso ver as crianças. Quero consertar as coisas.

— Consertar? Você não vê seus filhos há dois anos, Stan. Parou de pagar a pensão. O que exatamente acha que pode consertar agora?

— Eu sei, eu sei — balbuciou. — Eu estraguei tudo. Miranda e eu… fizemos escolhas ruins.

— Não me joga a culpa! — rebateu Miranda, cortando-o. — Você que perdeu todo o dinheiro naquele “investimento certo”.

Ela se virou e foi embora. Ele nem tentou impedi-la.

Virou-se para mim, abatido.

— Por favor, Lauren. Me deixa ver os meninos. Sinto tanta falta deles… sinto falta de nós.

— Me dá seu número, Stan — respondi firme. — Se eles quiserem falar com você, vão ligar. Mas você não vai voltar pra minha casa.

Ele hesitou, mas anotou o número num pedaço de papel e me entregou.

— Obrigado, Lauren… Eu agradeceria muito se eles me ligassem.

Guardei o papel no bolso sem olhar e fui embora.

Enquanto voltava para o carro, senti algo inesperado: paz.

Não porque Stan estava arrependido.

Mas porque, finalmente, entendi que eu não precisava do arrependimento dele para seguir em frente.

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