Meus Pais Começaram a Me Cobrar Aluguel Porque Decorei Meu Quarto – Mas o Karma Não Demorou a Chegar.

Quando meus pais decidiram me cobrar aluguel pelo porão que transformei em um refúgio, não imaginavam que isso levaria à minha saída e ao arrependimento eterno deles.
A Ovelha Negra da Família
Sempre me senti diferente na minha família. Não era só um sentimento, era um fato evidente no jeito que meus pais tratavam meu irmão mais novo, Daniel, e eu.

Quando eu tinha 17 anos, nos mudamos para uma casa com apenas dois quartos. Em vez de dividir um deles conosco, meus pais decidiram que Daniel precisava do seu próprio espaço. E onde me colocaram? No porão inacabado.
Enquanto Daniel ganhou um quarto enorme e iluminado, completamente mobiliado com móveis novos, decoração e até um videogame, eu recebi apenas os restos do que encontraram no depósito.
Lembro do dia em que minha mãe me mostrou meu “quarto”.
— Elena, querida, não é emocionante? Você tem tanto espaço aqui embaixo! — disse ela, apontando para o cômodo frio de concreto como se fosse um prêmio.
Olhei para a lâmpada solitária no teto, as teias de aranha nos cantos e o cheiro úmido no ar.
— Sim, mãe. Super emocionante.
Meu pai deu um tapinha no meu ombro.
— Essa é a atitude, garota! E talvez, mais pra frente, possamos dar uma arrumada.
“Mais pra frente” nunca chegou.
Meu Próprio Espaço
Eu me recusei a aceitar viver em um porão escuro para sempre. Consegui um emprego no supermercado local, empacotando compras e recolhendo carrinhos. Não era glamoroso, mas cada centavo me ajudava a transformar aquele espaço.
Minha tia Teresa foi a única que realmente entendeu minha situação. Quando soube o que eu estava tentando fazer, começou a me ajudar nos fins de semana.
— Vamos iluminar esse lugar, Ellie! — disse ela, prendendo seus cachos rebeldes antes de mergulhar no trabalho.
Juntas, pintamos as paredes de lavanda, penduramos cortinas para cobrir as janelas minúsculas, colocamos tapetes para aquecer o chão frio e instalamos luzes coloridas para espantar a escuridão.
Levou meses, pois meu salário era baixo, mas cada detalhe fazia o porão parecer mais com um lar. Consegui um móvel de segunda mão para meus livros, pendurei pôsteres das minhas bandas favoritas e instalei um pequeno escritório para estudar. O toque final? Uma faixa de LED ao redor da minha cama.
Quando terminei e olhei ao redor, senti algo que há muito tempo não sentia — ou talvez nunca tivesse sentido: orgulho.
A Injustiça
Estava admirando meu trabalho quando ouvi passos na escada. Meus pais entraram e olharam ao redor com expressões difíceis de decifrar.
— Olha só… parece que alguém andou ocupada — disse meu pai, estreitando os olhos.
Esperei por um elogio ou pelo menos um reconhecimento pelo meu esforço.
Mas minha mãe cruzou os braços e franziu os lábios.
— Se você tem dinheiro para tudo isso — disse ela, apontando para a minha decoração —, então pode começar a contribuir com a casa.
Minha boca se abriu em choque.
— O quê?
— Exato — concordou meu pai. — Já está na hora de você pagar aluguel.
Meus olhos se arregalaram.
— Mas eu tenho 17 anos! Ainda estou na escola!
Minha mãe deu de ombros.
— E aparentemente ganha dinheiro suficiente para redecorar. É hora de aprender sobre responsabilidade financeira.
Queria gritar. Daniel tinha um quarto três vezes maior que o meu, completamente decorado e mobiliado por eles, e nunca trabalhou um único dia. Mas sabia que não adiantava discutir.
— Certo… quanto?
O valor que mencionaram fez meu estômago revirar. Eu até conseguiria pagar, mas significava desistir de economizar para a faculdade.
Como se isso já não fosse ruim o suficiente, Daniel apareceu naquele exato momento.
— Uau, maninha. Bela caverna — disse, com um sorriso zombeteiro.
Seus olhos brilharam ao ver minhas luzes LED.
— Será que essas são firmes?
Antes que eu pudesse impedi-lo, ele puxou a fita de LED da parede, arrancando a tinta junto. As luzes se apagaram com um brilho triste.
— Daniel! — gritei, furiosa.
Mas, em vez de repreendê-lo, meus pais riram.
— Meninos são assim mesmo — disse meu pai, como se meu irmão não tivesse acabado de destruir algo que levei meses para construir.
Eu estava de volta ao escuro, engolindo lágrimas de frustração.
Mas o universo tem um jeito de equilibrar as coisas…
A Virada do Jogo
Pouco tempo depois, minha tia Teresa chegou acompanhada de uma mulher chamada Ava.
— Você precisa ver o que minha sobrinha fez com o porão! Está incrível! — disse minha tia.
Fiquei tímida quando Ava olhou ao redor, seus olhos brilhando de surpresa.
— Uau, Elena… Você fez tudo isso sozinha?
— A maioria das coisas. Minha tia me ajudou com algumas partes grandes.
Ava passou a mão por uma estante que eu tinha reformado.
— Você tem um talento impressionante para design. Seu aproveitamento do espaço, a escolha das cores… Realmente incrível.
Minha respiração ficou presa na garganta.
— Você acha?
Ela sorriu.
— Acho, sim. E por acaso, minha empresa está com uma vaga para estágio. Normalmente é para estudantes universitários, mas… acho que podemos abrir uma exceção. Você já pensou em design como carreira?
Meu coração disparou.
— Eu nunca pensei nisso profissionalmente, mas… eu amo fazer isso!
— Ótimo! O estágio é remunerado e, se você for bem, pode até ganhar uma bolsa para a faculdade. O que acha?
Tentei conter minha empolgação, mas falhei miseravelmente.
— Sim! Mil vezes sim!
Meus pais estavam paralisados. Daniel, pela primeira vez, não era o centro das atenções.
Um Novo Começo
O estágio mudou minha vida.
De repente, eu tinha um objetivo, um futuro e, o mais importante…
Uma saída.
Poucos meses depois, juntei dinheiro suficiente para me mudar. E quando saí daquela casa, meus pais perceberam que tinham perdido algo valioso.
Agora, anos depois, sou designer de interiores.
E a ironia? Meus pais tentaram entrar em contato, dizendo que gostariam de “repaginar a casa” e precisavam da minha ajuda.
Acho que a conta do karma finalmente chegou.