HISTÓRIAS

Minha irmã roubou o local do casamento dos meus sonhos, mas meus avós me mostraram que o verdadeiro apoio familiar não tem preço.

No dia em que minha irmã reservou o local do casamento dos meus sonhos, achei que meu coração fosse se partir. Mas meus avós tinham outros planos. Com um único gesto ousado, mudaram tudo e me mostraram o que realmente significa apoio familiar.

Às vezes, as pessoas que mais deveriam te amar são justamente as que mais te machucam.

Minha história não é apenas sobre um local de casamento. É sobre finalmente me posicionar depois de trinta anos sendo tratada como a segunda opção.

Minha irmã, Hailey, sempre conseguia o que queria. Não era algo ocasional ou por sorte. Era uma certeza dentro da nossa família. Nossos pais se certificavam disso.

Eles faltavam aos meus recitais de piano para ir aos jogos de futebol dela. Elogiavam os C+ dela enquanto mal notavam meus As. Sempre davam prioridade a ela.

Todas. As. Vezes.

Aprendi a conviver com isso. Para ser honesta, que outra opção eu tinha?

Quando cheguei aos vinte, aceitei meu lugar na hierarquia da família. Hailey era o sol, e o resto de nós eram apenas planetas orbitando ao seu redor.

Com o tempo, construí minha própria vida, encontrei amigos que realmente me valorizavam e tentei manter os dramas familiares ao mínimo.

Então, meu namorado Mark me pediu em casamento no meu aniversário de trinta anos.

O anel era simples, mas perfeito. Estávamos juntos havia três anos, construindo algo sólido com calma.

Quando ele se ajoelhou no meu restaurante favorito, achei que meu coração fosse explodir.

— Sim! — eu praticamente gritei, sem me importar com quem estava ouvindo.

Liguei para meus pais naquela noite, transbordando de alegria.

— Que bom, filha — disse minha mãe, soando distraída. — Falamos sobre isso quando nos virmos.

Não foi a reação que eu esperava. Mas foi exatamente a que eu imaginava.

Duas semanas depois, Hailey me ligou.

— Em! Adivinha só: Derek me pediu em casamento!

Meu estômago virou. Eu devia saber. Hailey não suportava quando eu tinha algo que ela não tinha.

— Que… legal — consegui dizer. — Parabéns.

— Eu sei! E é perfeito porque podemos planejar nossos casamentos juntas!

Apertei o celular com força. — Sim, perfeito.

Eu não queria dividir isso com ela. Nem o noivado, nem os preparativos, nada. Esse era para ser o meu momento.

Toda a nossa família sabia o quanto o Rosewood Estate significava para mim. Não era só um local bonito. Era onde meus avós se casaram há 60 anos, onde passei muitos verões brincando nos jardins quando criança, e onde sempre sonhei em dizer meus votos.

Eu falava sobre isso desde os 16 anos.

— Quando eu me casar — eu dizia para quem quisesse ouvir — vai ser em Rosewood. Igual à vovó e ao vovô.

Mas minha irmã, Hailey… ela não se importava. Ela só queria vencer.

Assim que ficou noiva (logo depois de mim, claro), correu para reservar o meu local. Ela nunca sequer mencionou gostar daquele lugar antes.

Fiquei sabendo quando minha mãe me ligou.

— A Hailey acabou de reservar Rosewood para o casamento dela! Não é maravilhoso?

— O quê?! — soltei.

— Para junho do ano que vem. Ela está tão empolgada.

Eu não conseguia respirar. — Mãe, você sabe que é lá que eu quero me casar. Eu falo disso há anos. Você sabe disso, certo?

— Ah, Emily — suspirou. — Querida, é só um lugar. Pare de ser tola.

Liguei para meu pai, esperando apoio.

— Ela reservou primeiro — disse ele, seco. — A vida é assim.

Sério? Como eles podiam fazer isso comigo?

Foi aí que decidi que não ia mais fingir ser a boazinha.

Não ia mais ser a irmã compreensiva.

Dias depois, fui visitar meus avós para entregar alguns remédios. Era só uma desculpa. Na verdade, eu precisava conversar com alguém que não diminuísse meus sentimentos. Vovó preparou um chá enquanto eu contava tudo.

— Eu sei, parece bobo — disse, enxugando as lágrimas. — Mas isso era importante pra mim.

Minha avó ouviu em silêncio, enquanto meu avô murmurava com raiva. Depois eles se olharam e sorriram.

— Não se preocupe, querida. Já resolvemos isso — disse minha avó.

— Como assim? — perguntei.

Meu avô soltou uma risada. — Nós reservamos o lugar. Pra você! Um mês antes do casamento da Hailey.

Minha boca caiu. — Vocês… o quê?

— Hailey pode gostar de tirar coisas de você — disse minha avó — mas dessa vez, não vai conseguir.

Quase chorei de alívio. Meus avós fizeram o que meus pais jamais fariam. Eles me defenderam.

Mas a doce vitória durou pouco.

Na manhã seguinte, meus pais e Hailey invadiram minha casa como um esquadrão tático, sem nem bater.

— COMO VOCÊ PÔDE?! — gritou Hailey, com o rosto distorcido de raiva.

Ela entrou na sala como se fosse explodir.

Me encostei no balcão e tomei um gole de café. Já tinha aprendido que manter a calma deixava Hailey ainda mais furiosa.

— Como eu pude o quê? Existir?

— Não se faça de sonsa — disse minha mãe, apontando o dedo. — Você roubou o lugar da Hailey!

Soltei uma risada. — Roubar? Ah, você quer dizer o lugar de casamento do qual falo desde o ensino médio? Que Hailey reservou só por maldade? Esse lugar?

— Ela reservou primeiro — repetiu meu pai, de braços cruzados.

Eu estava prestes a responder quando a porta se abriu.

Meus avós entraram, minha avó com uma cesta de muffins como se estivessem só fazendo uma visita.

— Hailey não foi a primeira a reservar — disse minha avó, com voz tranquila. — Fomos nós. Para nossa neta.

Nunca vou esquecer a cara dos meus pais. Estavam em choque. E Hailey? Aposto que queria gritar.

— MUDE SUA DATA — sibilou, chegando bem perto de mim. — OU EU VOU FAZER DA SUA VIDA UM INFERNO.

Levantei uma sobrancelha, sem recuar. — Você já está fazendo um escândalo na minha casa. Vai riscar meu carro agora? Queimar meu vestido?

— Meninas, por favor — disse minha avó suavemente. — A família não se comporta assim.

Hailey bufou e olhou pro papai. — Pai! Fala alguma coisa!

Ele suspirou, dramático. — Olha, vocês são irmãs. Não queremos que isso vire uma briga feia.

— Então diga à Hailey pra parar de agir como uma criança — respondi.

— Não fale assim da sua irmã! — retrucou minha mãe.

Meu avô se inclinou, com voz calma, mas firme. — Talvez ela devesse parar de agir como uma, então.

Minha mãe e meu pai ficaram vermelhos como tomates.

— Isso não é justo! — gritou Hailey, pisando no chão como uma criança birrenta. — Você sabe que meu casamento vai ser maior e melhor! Por que ela merece mais do que eu?

Quase engasguei com o café. Lá estava. A verdade, finalmente dita.

Coloquei minha caneca sobre a mesa. — Você nem se importa com o lugar. Só não quer que eu tenha algo que você não pode controlar.

O silêncio de Hailey disse tudo.

— Querida — disse minha mãe, virando-se pra mim com aquele sorriso falso de manipulação — temos que ser razoáveis. Hailey e Derek já mandaram os convites.

— E por que eu deveria me importar com isso…? — perguntei, arqueando a sobrancelha.

— Porque somos uma família — disse meu pai, como se isso bastasse.

— Engraçado… essa desculpa nunca vale quando sou eu que preciso de alguma coisa — respondi.

Minha avó colocou a mão suavemente no meu ombro. — Emily esperou por isso a vida inteira. Hailey pode encontrar outro lugar.

— MAS NÃO VAI SER O ROSEWOOD! — gritou Hailey. — TINHA QUE SER O ROSEWOOD!

E então… o golpe final.

— Tudo bem — suspirou minha mãe de repente. — Vamos pagar o seu casamento.

— Sim, cobrimos tudo — completou meu pai, empolgado. — Tudo. Só muda a data.

Eu não podia acreditar.

Meus pais nunca me ofereceram nada. Quando me formei na faculdade, me deram um cartão com vinte reais. Nem foram à minha festa de noivado porque Hailey “precisava de apoio” após terminar com um cara com quem ficou três semanas.

E agora? Agora estavam dispostos a gastar milhares só pra agradar Hailey.

Foi o fim. Algo dentro de mim se rompeu.

Peguei o celular, abri os contatos e bloqueei todos enquanto eles assistiam. Não queria mais contato com eles.

Depois me virei para Hailey.

— Você reservou meu lugar por pura maldade. E agora que perdeu, quer que eu ceda? Não. Pode chorar o quanto quiser. Dessa vez, você não vai vencer.

Hailey parecia prestes a explodir.

— VOCÊ ESTÁ ARRUINANDO TUDO! — gritou enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto.

Mas dei de ombros. — Então arruma outro lugar. Ouvi dizer que o hotel da esquina está com muitas datas livres.

— Emily — disse meu pai, com aquele tom de “sou seu pai” que não funcionava comigo desde os doze.

— Acho melhor vocês irem agora — disse meu avô, levantando-se.

— Isso ainda não acabou — disse minha mãe, pegando a bolsa.

— Na verdade, acabou sim — respondi, abrindo a porta.

Eles saíram enquanto Hailey chorava dramaticamente. Meus pais, como sempre, a consolavam como se ela fosse a vítima.

Claro que correram para as redes sociais naquela noite, reclamando que eu “dividi a família” e “arruinei egoistamente o dia perfeito da Hailey”.

Marcaram todos os nossos parentes e amigos.

Mas meus avós… encerraram o assunto na hora.

Meu avô raramente usava Facebook, mas naquela noite postou uma foto dele com a vovó no casamento deles em Rosewood, debaixo do mesmo carvalho onde Mark e eu diríamos nossos votos.

“Estamos muito felizes por ver nossa neta, a quem criamos, se casar no mesmo lugar onde construímos nossa história de amor. E como avô, é uma honra acompanhá-la até o altar.”

Essa postagem calou todos. Os curtidas e comentários de apoio vieram das mesmas pessoas que meus pais haviam marcado.

E Hailey? Ela desistiu da reserva. Perdeu o valor pago e encontrou outro local. Seus convites “se perderam no correio” e tiveram que ser refeitos.

Porque nunca foi sobre o lugar.

Ela só não queria me ver ter algo que ela não podia controlar.

Sou imensamente grata por ter meus avós na minha vida. Não sei o que teria feito sem eles.

Amo vocês, vovó e vovô.

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