HISTÓRIAS

Minha madrasta apareceu no meu baile de formatura com o mesmo vestido que o meu

— ela disse que era para me “apoiar”, mas a verdade me fez ferver de raiva

Sabe aquela sensação no fundo do peito de que algo está errado, mas você ignora porque quer muito acreditar que vai dar certo?
Foi exatamente assim que eu deveria ter me sentido sobre a Carol desde o início.

Mas quando você tem apenas 14 anos e está de luto pela perda da sua mãe, se agarra a qualquer esperança, a qualquer sinal de que a vida pode voltar a ser boa.

Eu me convenci de que Carol poderia me amar como uma filha. Que talvez pudéssemos ser uma família.

Mas eu estava errada.

Tudo começou dois anos antes, depois que minha mãe faleceu de câncer. Meu pai se jogou no trabalho para lidar com a dor, e foi lá que conheceu Carol, que trabalhava na contabilidade do escritório de advocacia dele.

Ela era charmosa, sempre muito bem arrumada, com uma voz suave e um sorriso que conquistava todo mundo.
“Ela também já sofreu”, meu pai disse uma noite, durante o jantar.
“O marido dela a abandonou quando eles tentavam ter um filho. Ela sabe o que é perder alguém.”

Eu queria ficar feliz por ele. De verdade.

Depois de tudo o que passamos, ele merecia amor. Quando ele a pediu em casamento seis meses depois, fui eu quem o ajudou a escolher o anel.

“Você está bem com isso?”, ele perguntou com carinho.
“Se ela te faz feliz, então eu também estou feliz”, respondi.

O casamento foi íntimo. Durante os votos, Carol até se virou para mim com os olhos marejados e disse:
“Jocelyn, eu prometo te amar como se fosse minha. Agora somos uma família de verdade.”

Naquele dia, eu chorei acreditando que tudo poderia finalmente melhorar.

E, no começo, Carol parecia perfeita. Escrevia bilhetinhos nas minhas lancheiras, ajudava nas tarefas da escola e até me levou para comprar roupas novas antes do início das aulas.
“Hora das garotas”, ela dizia piscando. “Temos que ser unidas.”

Mas aos poucos, a máscara começou a cair.

Primeiro veio o esquecimento. Não tinha mais jantar depois do treino, ou roupas preferidas estragadas na lavagem. Quando eu comentava, ela se fazia de ofendida.
“Eu estou tentando, mas nunca vou ser perfeita como sua mãe”, dizia chorando.
Meu pai a consolava enquanto eu ficava ali, me sentindo culpada por ter dito qualquer coisa.

Depois vieram os comentários passivo-agressivos:
“Essa saia tá meio curta, não acha?”
“Você não precisa ser boa em tudo, querida.”
“Não é hora de risadas, é hora de estudar.”

E quando eu tentava conversar com meu pai, ela fazia cena.
“Eu nunca disse isso! Jocelyn, por que mentir?”
Meu pai ficava em dúvida. “Ela se importa com você, filha. Nem todo mundo sabe demonstrar amor da forma certa.”

Então eu engoli tudo. Por ele. Porque ele estava feliz de novo. E eu não queria acabar com isso.

Até que chegou o baile de formatura.

Eu havia trabalhado meses na cafeteria para comprar o vestido dos meus sonhos: azul-marinho, longo, ombro a ombro, de cetim. Um verdadeiro conto de fadas.

No grande dia, fiz o cabelo no salão, caprichei na maquiagem e vesti o vestido. Me senti linda.
Chamei meu pai: “Pai! Estou pronta!” e desci as escadas.

Foi então que congelei.

Carol estava parada lá embaixo. Usando o mesmo vestido que eu.

Mesma cor, mesmo corte, exatamente igual.

“Ah, querida!”, ela disse animada. “Estamos combinando! Que fofo! Como mãe e filha!”

Meu pai ficou sem reação.
“Carol… por quê?”

“Eu não sabia qual vestido ela escolheu”, ela mentiu. “Foi coincidência!”

Mas então ela se aproximou, com um sorriso cínico e sussurrou:
“Relaxa, querida. Ninguém vai estar olhando pra você mesmo.”

Essas palavras doeram mais do que ela podia imaginar.

Eu apenas disse:
“Preciso ir. O Marcus já está chegando.”

No baile, apesar de tudo, tentei me divertir. Meus amigos ficaram do meu lado e meu par foi muito gentil.
Mas Carol apareceu.

Com o cabelo igual ao meu. Mesma maquiagem.
“Quero tirar uma foto com a minha enteada!”, ela disse em voz alta.

Me puxou pelo braço, tropeçou e caiu direto na mesa de ponche e flores.
O vestido ficou encharcado, pétalas voaram, e todos olharam.

“Por que ela tá com o vestido da Jocelyn?!” alguém gritou.
Risadas estouraram. “Carol assustadora!” apelidaram.

Ela se levantou furiosa.
“Você planejou isso!”

“Eu não te empurrei”, respondi. “Você se sabota sozinha.”

Em casa, ela explodiu:
“Você me humilhou!”

Meu pai apareceu.
“O que está acontecendo?”

“Ela usou o meu vestido só pra chamar atenção”, expliquei com calma. “E disse que ninguém ia me notar.”

O rosto do meu pai mudou.
“Carol, isso é verdade?”

“Eu só queria apoiar ela—”

“Você passou dos limites. Essa é minha filha. Você a magoou.”

Mais tarde, ele veio até mim.
“Eu devia ter te protegido. Me perdoa.”

No dia seguinte, Carol me mandou uma mensagem:
“Eu estava com inveja. Você tem tudo que eu queria. Me desculpa.”

Mas eu não respondi.

Alguns pedidos de desculpas chegam tarde demais.

Naquela noite, aprendi algo valioso:
Quando alguém tenta apagar sua luz, a vida dá um jeito de deixá-lo tropeçar na própria escuridão.

E às vezes, essa é a justiça mais doce de todas.

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