HISTÓRIAS

Morador de Rua com Deficiência Dá Sua Cadeira de Rodas a Menino Pobre Que Não Podia Andar — 5 Anos Depois, o Menino o Encontra para Agradecer

Conhecido por todos na praça central como “o flautista”, eu vivia tocando músicas antigas para quem passasse. Tinha sessenta anos, morava no porão de uma casa abandonada e me locomovia com dificuldade, usando uma cadeira de rodas — presente dos colegas no meu último dia de trabalho na fábrica, anos atrás.

Na época, eu comecei a sentir dores fortes. Achei que fosse apenas a idade, mas o diagnóstico foi duro:

— “É uma condição crônica degenerativa. Não tem cura. Há remédios para aliviar a dor, mas o trabalho na fábrica vai agravar a situação”, disse o médico.

Pedi uma mudança de função ao meu chefe, mas ouvi um não firme:

— “Sem certificação, não posso te realocar. A política da empresa não permite.”

Perdi o emprego, mas ganhei a cadeira de rodas. Desde então, ela se tornou meu único apoio físico e emocional. Passei a viver de música e do pouco que recebia de esmolas.

Certo dia, tocando minha flauta na praça como sempre, vi uma mulher com olhar cansado segurando um menino de cerca de oito anos no colo. O garoto sorriu ao ouvir minha música e seus olhos brilharam como se tivessem redescoberto a alegria.

— “Podemos ficar mais um pouquinho, mãe? É tão bonito!” — implorou ele.

A mulher acariciou os cabelos do filho e suspirou:

— “A gente precisa ir ao médico… E não temos como comprar cadeira de rodas ou muletas.”

Entendi na hora. Vi naquele menino o reflexo do que vivi no meu último dia na fábrica. Sem pensar muito, forcei meu corpo a levantar da cadeira. A dor nas costas e no quadril era intensa, mas fingi um sorriso:

— “Leve minha cadeira. Eu não sou realmente deficiente, é só um acessório. Vai ajudar vocês muito mais do que me ajuda agora.”

A mãe recusou, emocionada. Mas insisti. E quando vi o sorriso do menino ao experimentar a cadeira, soube que tinha feito a escolha certa.

Cinco anos se passaram.

Em uma manhã qualquer, enquanto tocava uma melodia da minha avó, percebi uma sombra cobrindo meu copo de moedas.

Era um jovem bem vestido, com um pacote comprido debaixo do braço. Ele sorriu:

— “Lembra de mim?”

Sentei-me no banco, atônito, e ouvi:

— “Pouco tempo depois que nos deu sua cadeira, descobrimos que um parente distante havia deixado uma herança para minha mãe. Isso permitiu que eu fizesse o tratamento adequado. Hoje, eu ando normalmente.”

— “E sua mãe?”

— “Ela abriu um pequeno serviço de buffet. Sempre gostou de cozinhar, mas nunca teve forças. Agora, está vivendo o sonho dela.”

Então ele me estendeu o pacote.

Ao abrir, encontrei um estojo novo de flauta e uma nota escrita à mão:

“Pagamento pela dor que você enfrentou todos esses anos por causa da sua bondade. Obrigado por nos mostrar que milagres ainda existem.”

Fiquei ali por horas, segurando aquela nota e lembrando de cada passo doloroso que dei desde que doei minha cadeira.

Mas também me lembrei do sorriso do menino, das lágrimas de gratidão da mãe e da vida transformada dos dois.

Sussurrei:

— “Um único gesto de bondade… é tudo o que basta para iniciar uma reação em cadeia.”

Artigos relacionados