HISTÓRIAS

O Casamento Roubado: O Conflito das Irmãs.

Gina passou anos economizando para realizar o casamento dos sonhos. Ela e Leo enfrentaram jornadas exaustivas, noites em claro e inúmeros sacrifícios. Cada centavo foi cuidadosamente guardado para que tudo fosse perfeito.

Na manhã do grande dia, Gina acordou com o coração acelerado e uma mistura de ansiedade e alegria. Chegou ao local da cerimônia uma hora mais cedo — queria absorver cada segundo, respirar fundo, fazer os últimos retoques na maquiagem e brindar sozinha antes que tudo começasse.

Mas o que viu a deixou sem chão.

Havia outra noiva no altar. De costas, ajeitando o véu.

Era sua irmã, Jessica.

Vestida de branco. A música já tocava. Convidados se reuniam. A equipe corria de um lado para o outro, como se aquilo fosse parte do plano.

Jessica se virou e lançou um sorriso cínico:

— Oh! Chegou cedo! Eu achei que daria tempo de resolver tudo antes de você aparecer… Bem, isso estragou a surpresa.

— Surpresa? — respondeu Gina, confusa.

Jessica suspirou teatralmente:

— Ah, Gina… Por que desperdiçar uma decoração tão linda? Duas cerimônias em uma! Brilhante, não acha? E você sabe como o Ben anda me pressionando para casar logo…

Gina ficou em choque.

— Você… planejou se casar no MEU casamento? Você está louca?

— Mamãe sempre disse que “louca” é uma palavra que não devemos usar, Gina. E, por favor, não seja egoísta.

Essa palavra — “egoísta” — reacendeu uma dor antiga em Gina. Uma vida inteira assistindo a irmã tomar o que queria: roupas, atenção, ideias, elogios, o tempo dos pais… Agora, ela queria roubar até o casamento?

Não dessa vez.

Gina respirou fundo e olhou para Bella, a cerimonialista:

— Bella, você sabia disso?

— Não, Gina. Estava na suíte nupcial organizando os últimos detalhes. Sua equipe de maquiagem e cabelo já está a postos.

— Ótimo. Então vamos resolver isso. Por favor, coloque a cerimônia da minha irmã antes da minha. Mas abra sua planilha.

— Claro — disse Bella, pegando o tablet.

— Adicione a taxa da harpista, os custos extras da decoração, qualquer coisa que envolva a cerimônia da minha irmã. E cobre tudo dela. Pagamento adiantado, antes dela sequer pisar no altar.

Jessica empalideceu. Tentou rir, desconversar:

— Gina, isso tudo é um único evento! Vamos, diga alguma coisa.

— Não conforme o contrato, Jessica. Você não faz parte dele. Quer casar? Então pague como qualquer noiva pagaria.

Bella completou com firmeza:

— Precisaremos de cadeiras extras, músicos adicionais, os alunos do Leo que farão as fotos… Tudo isso tem custo. Podemos conversar em particular, Jessica?

Jessica entrou em pânico. Gritou. Pediu apoio dos pais. Mas ninguém a apoiou. Nem a mãe, nem o pai, nem Ben.

— Mamãe? — murmurou entre lágrimas.

— Você armou tudo isso sem falar com ninguém, Jessica. Agora arque com as consequências — respondeu a mãe, firme.

Ben, o noivo, também perdeu a paciência:

— Você disse que a Gina tinha concordado com tudo. Estou fora.

E saiu.

Jessica caiu no chão, em prantos. O pai, constrangido, pediu à segurança que a retirasse do local.

A cerimônia de Gina seguiu com leveza, emoção e muito amor — do jeito que ela sempre sonhou.

À noite, já em casa com Leo, Gina ouviu batidas fortes na porta. Era Jessica. Com o rosto abatido, lágrimas nos olhos, implorando:

— Só preciso conversar…

Gina hesitou. Tudo em seu corpo queria fechar a porta. Mas havia algo diferente na irmã. Uma vulnerabilidade que nunca tinha visto.

— Cinco minutos. Só isso.

Jessica entrou, desolada. Contou que Ben havia terminado tudo. Que os pais não respondiam suas ligações. Que os amigos tinham sumido.

— Acho que fui longe demais. Me arruinei sozinha — confessou, com a voz embargada.

Gina ficou em silêncio. Jessica estava despedaçada. Mas, pela primeira vez, Gina não sentiu vontade de salvá-la.

— Sim, Jess. Você se arruinou.

— Podemos… começar de novo?

— Não.

Jessica encolheu os ombros, em choque.

— Você passou a vida inteira me diminuindo. Roubando o que era meu. Manipulando todos para parecer a vítima. E agora quer um recomeço?

— Eu só…

— Eu esperei por anos que você mudasse. Mas não espero mais — disse Gina, caminhando até a porta. — Agora, você vai viver com as escolhas que fez.

Jessica saiu em silêncio.

— Espero que você realmente se encontre — disse Gina, antes de fechar a porta.

Ela trancou. Foi até a cozinha. Colocou água na chaleira.

E, pela primeira vez na vida, sentiu-se livre.

E você? O que teria feito no lugar dela?

Artigos relacionados