HISTÓRIAS

Peguei meu noivo ajoelhado diante da minha mãe quando cheguei do trabalho — me escondi para descobrir o motivo.


Faltava apenas uma semana para o nosso casamento e eu estava afogada no estresse. Entre o trabalho, os detalhes de última hora e toda a organização, mal conseguia respirar. Patrick e eu estávamos hospedados na casa dos meus pais para economizar antes do grande dia.

Naquela tarde, saí do trabalho mais cedo, sentindo náuseas e estranhamente desconfortável. Estacionei na garagem, entrei em silêncio pela porta lateral… e congelei.

Ouvi alguém chorando na sala.

Me aproximei em silêncio, com o coração acelerado. Quando olhei pela fresta da parede, meu estômago despencou.

Patrick — de joelhos. Implorando.

Minha mãe estava de pé diante dele, com uma expressão impossível de ler. E então, com uma voz fria e firme, ela disse:

“Ok, eu não vou contar. Mas só com UMA condição.”

A voz de Patrick saía entrecortada pelas lágrimas:
“Por favor, Diane. Não faz isso comigo.”

Aquilo foi demais. Meu coração afundou, minha mente gritava.
O que era esse segredo? O que ele implorava tanto pra ela não fazer?

Não consegui mais ficar escondida.
“Fazer o quê?” — gritei, entrando na sala, exigindo respostas.

Os dois se viraram para mim ao mesmo tempo.

— “Ele está implorando porque eu disse que contaria tudo para você. Ele acha que, chorando e implorando, vai me convencer a ficar calada,” — disse minha mãe, firme.

— “Contar o quê?” — perguntei, já sem paciência. Eu precisava saber agora.

Patrick se levantou rapidamente e pegou minhas mãos.

— “Amanda, por favor, amor, me deixa explicar.”

Explicar o quê?

Arranquei minhas mãos das dele.

— “Seu noivo tem mentido pra você, Amanda,” — disse minha mãe.

— “Mentido? Sobre o quê?” — minha voz mal saía.

— “Sobre quem ele realmente é,” — ela respondeu.

Patrick balançava a cabeça, desesperado.

— “Não, não! Ela tá distorcendo tudo! Para com isso, Diane!”

— “CALA A BOCA!” — minha voz saiu mais firme do que nunca.

Ele me olhou como se tivesse sido traído.

— “Mãe, me conta o que você sabe,” — pedi.

Ela respirou fundo.

— “Ele já foi noivo antes, Amanda. E fez algo horrível com ela. Algo que ele mesmo confessou que iria fazer com você.”

— “Não é assim, Diane! Amanda, não é como ela tá dizendo!” — gritou Patrick.

— “Ele abandonou a noiva no altar, querida. Fugiu na manhã do casamento com todo o dinheiro que ela tinha economizado, incluindo o valor da entrada da casa em que iam morar. É nojento. Desprezível.”

Senti como se fosse vomitar.

— “É verdade?” — sussurrei.

Patrick abriu a boca… e então suspirou.

O silêncio dele foi minha resposta.
E de repente, tudo nos últimos três anos começou a fazer sentido.

“Finanças me deixam estressado, amor. Vamos focar só na gente, tá?”

Ou aquela vez em que ele me convenceu a colocar os depósitos do casamento no meu cartão:

“Eu te pago depois, juro, amor. Você tem um crédito melhor que o meu, essas coisas…”

E quando mencionei querer abrir uma conta conjunta após o casamento?

“A gente resolve isso depois, né? Vamos focar na lua de mel primeiro.”

Também teve aquelas vezes em que o peguei me observando como se estivesse me estudando.

Eu chamava de amor. De adoração. Dizia a mim mesma que Patrick era só alguém que “vivia o presente”. Que ele confiava tanto em mim que deixava o futuro em minhas mãos.

Mas agora?

Agora eu sabia a verdade.

Esse homem nunca teve intenção de construir um futuro comigo.

— “Você enganou ela? Enganou uma mulher que dizia amar? Você ajudou a planejar um casamento inteiro só pra roubar o dinheiro dela?

Lágrimas escorriam pelo rosto de Patrick. Ele parecia… um fracassado.

— “Amanda, eu entrei em pânico. Eu era jovem! Estúpido, impulsivo… achei que uma vida de verdade significava ter muito dinheiro.”

Minha mãe o interrompeu com um gesto.

— “E adivinha quem o encontrou? Noelle.”

Ela pegou uma carta na bolsa que estava sobre a mesa.

— “A ex-noiva do Patrick me procurou há três meses. Ela achou que era melhor você ouvir a verdade de mim do que de uma estranha na internet. Ela me encontrou no Facebook. Esta é uma cópia da nossa conversa.”

— “Três meses atrás, mãe? E você não me contou?! Você me ajudou a escolher o vestido, o cardápio… E todo esse tempo, você sabia?!”

Minha mãe parecia culpada, mas logo retomou o controle da situação.

— “Eu precisava de provas primeiro, Amanda. Não ia destruir sua vida sem ter certeza. É óbvio.”

Patrick me olhava, desesperado.

— “Amanda, eu te amo! Eu nunca faria isso! A Noelle contou mentiras pra sua mãe! Disse o que a Diane queria ouvir! Você sabe que ela nunca gostou de mim!”

— “E qual era a condição, mãe?” — perguntei.

Ela sorriu de canto.

— “Que ele fosse embora. Hoje. Sem casamento, sem explicações, só mais um noivo que sumiu do nada.”

Patrick me olhou mais uma vez.

— “Se você ainda acredita em mim, Amanda, não faz isso. A gente pode consertar!”

— “Sai da minha casa. Agora.

E pela primeira vez… Patrick obedeceu.


Três dias depois de cancelar o casamento, eu estava no meu quarto, encarando o vestido de renda marfim pendurado na porta do armário.

Me aproximei e passei os dedos pelo tecido. Foi aí que notei algo.

A etiqueta ainda estava ali.

Eu não tinha reparado antes, porque a loja disse que tudo já havia sido pago. Patrick tinha insistido que seria um presente dele.

“É o meu presente pra você, amor.”

Mas a etiqueta dizia outra coisa:

Pagamento pendente: R$ 16.000.

Ele nunca pagou. Nem pretendia.

Patrick me fez acreditar que aquele casamento era nosso, quando na verdade, era só mais um de seus investimentos. Um golpe. Um plano.

Se eu não tivesse descoberto, teria acordado no dia do meu casamento acreditando em um “pra sempre”, enquanto Patrick já teria traçado sua rota de fuga.


Duas semanas depois, sentei de frente para Noelle — a ex-noiva de Patrick.

— “Ele te disse que queria ter três filhos?” — perguntei.

— “Claro! E que queria dar o nome do primeiro em homenagem ao pai.”

— “Ele me disse que o pai dele morreu quando ele tinha seis anos.”

Ela balançou a cabeça.

— “Mentira. O Fred tá vivo e bem. Eu procurei os pais dele depois que ele levou todas as minhas economias.”

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

— “Sabe, eu costumava me achar burra por ter caído nessa. Mas o teatro era tão… convincente.”

— “Eu também,” — respondi baixinho.

Ela me olhou e sorriu com tristeza.

— “Mas sabe de uma coisa? A gente não é burra, Amanda. A gente só é feita de amor. E o Patrick usou isso contra a gente.”

— “Um brinde a nós. E pra garantir que ele nunca mais consiga fazer isso com mais ninguém.”

Levantei meu copo. Ela brindou com o dela.

— “E à karma,” — disse ela com um sorrisinho.


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