HISTÓRIAS

QUATRO MESES APÓS O DIVÓRCIO, MINHA EX-ESPOSA ME CONVIDOU PARA O CASAMENTO DELA

— MAS QUANDO VI O ROSTO DO NOIVO, MEU MUNDO DESABOU…

Eu não deveria ter ido.
Mas a curiosidade — aquela que a gente finge que não existe — me venceu.
Vesti o mesmo terno que usei no dia do nosso casamento, respirei fundo e dirigi sozinho até a fazenda elegante onde a cerimônia dela aconteceria.

Eu só queria saber:
quem era o homem que ela tinha escolhido no meu lugar?

Laura e eu ficamos juntos por três anos antes de casarmos.
Nos primeiros meses, a vida parecia um samba suave: tranquila, harmoniosa, cheia de pequenos carinhos e cumplicidades silenciosas.

Laura era doce, tímida até… mas por dentro era forte, firme, inteligente.
Ela sempre encontrava solução para qualquer problema.
Sempre esteve ao meu lado — mesmo quando eu já não estava mais ao lado dela.

Eu era o típico “cara bom o suficiente”: não traía, não bebia demais, não jogava, trabalhava duro.
Só que falhei no essencial:

escutar.

Meu trabalho com vendas imobiliárias em Guadalajara era um redemoinho constante.
E eu sempre tinha uma desculpa pronta:

“É pelo nosso futuro.”
“Depois conversamos.”
“Agora não dá.”

Enquanto isso, Laura esperava.
Esperava um olhar, uma palavra, um gesto.
Esperava por mim — e eu nunca chegava.

E não brigávamos.
Achava que isso era bom.
Mas descobri tarde demais que o silêncio pode ser a pior forma de abandono.

Até que uma noite ela falou, direto, sem hesitar:

— Eu quero o divórcio.

Fiquei sem ar.

— Podemos tentar de novo — implorei.

Ela balançou a cabeça, triste, mas firme:

— Eu esperei muito tempo, André. Achei que amar você seria suficiente… mas estou me perdendo. Preciso me escolher.

Assinamos os papéis numa tarde nublada.
Nada de cenas dramáticas.
Mas dentro de mim abriu-se um vazio que me perseguiu por meses — e que eu mesmo havia cavado.

Então, quatro meses depois, recebi uma mensagem dela:

“Você está livre no domingo? Quero te entregar um convite.”

Eu não precisei abrir o envelope para saber do que se tratava.

O casamento dela.


No domingo, fui para a Fazenda Santa Lucía, em Jalisco.
Sentei na última fileira, tentando ser invisível.

Quando Laura apareceu, de vestido branco cintilante, percebi um detalhe cruel:

ela estava radiante.
Tão radiante quanto nunca esteve comigo.

Meu peito ardeu.

E então o noivo entrou.

E tudo dentro de mim desabou.

Era meu melhor amigo.
Mateo.

O homem com quem dividi casas, segredos, viagens, fases ruins e boas.
O irmão que a vida tinha me dado.

Eu fiquei imóvel, encarando os dois.
A mão de Laura encaixada na de Mateo.
Os sorrisos.
A naturalidade.

E uma verdade terrível me atingiu com força:

Os dois não se conheceram depois de mim.

Eles já se conheciam durante.

Mas antes que qualquer conclusão amarga ocupasse meu peito, algo inesperado aconteceu.

Quando a cerimônia terminou, Mateo se aproximou.
Os convidados ainda aplaudiam quando ele tocou meu ombro e disse, com a voz baixa:

— Eu precisava te agradecer por ter vindo.

Eu apenas o encarei, vazio.

Ele respirou fundo.

— Eu lutei contra isso. Acredite. Ela também. Mas… nós nos encontramos muito antes de qualquer coisa acontecer. E ficamos anos fingindo que não acontecia nada. Você nunca foi traído. Mas também nunca foi amado do jeito que merecia.

Eu abri a boca para responder, mas Laura surgiu ao lado dele.

Seus olhos estavam marejados.

— André… eu só queria que você soubesse que eu tentei. Muito. E que você merece uma vida leve, como a que eu finalmente encontrei. Eu espero que você encontre também.

Ela apertou minha mão.
E naquele toque, senti algo que não sentia há muito tempo:

paz.

Talvez o amor deles tivesse começado na sombra, talvez tivesse sido um acidente, um desencontro do destino… mas ali, na minha frente, era impossível negar:

Eles se pertenciam.

E eu?
Eu finalmente entendi que nunca tinha pertencido a lugar nenhum — e que estava na hora de construir algo que fossem meu.

Saí da fazenda com o coração pesado…
mas, pela primeira vez em muito tempo, livre.

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