“Senhor, posso trazer sua filha de volta à vida” — disse o menino da rua. O empresário olhou ao redor e simplesmente congelou.

As movimentadas ruas de Kiev pareciam sumir para Oleg Ivanovich, um renomado empresário, quando uma voz infantil atravessou o burburinho. Diante dele estava Nazar, um garoto franzino, de cerca de dez anos, maltrapilho, mas com olhos surpreendentemente calmos. Nazar dizia que poderia ajudar Solomiya, filha de Oleg, que estava em estado vegetativo há três anos após um grave acidente.
Cético, mas desesperado depois de anos de tentativas médicas fracassadas, Oleg aceitou levar o menino para casa — não sem ameaçá-lo caso fosse alguma farsa.
Na mansão de Oleg em Koncha-Zaspa, Nazar caminhou direto até o quarto da jovem. Solomiya, bela, mas amargurada, olhou-o com desconfiança. Nazar então disse:
— O seu corpo não é mau, Solomiya. É o medo que te prende como correntes.
Ele estendeu a mão. Hesitante, Solomiya a segurou. Um silêncio profundo tomou o ambiente. Nazar fechou os olhos. Em segundos, Solomiya começou a se mover — dedos, pernas, até que, com esforço, ficou de pé. Pela primeira vez em três anos.
Oleg correu, emocionado, abraçando a filha. Mas ao olhar para o lado… Nazar havia desaparecido. As câmeras mostraram apenas sua silhueta sumindo na neblina de Kiev.
Mesmo com a recuperação milagrosa da filha, um desconforto cresceu dentro de Oleg. Ele contratou um detetive particular. Três dias depois, o investigador voltou assustado: Nazar Kravets havia sido dado como morto cinco anos antes em uma enchente na cidade de Cherkasy. O corpo jamais fora encontrado.
Naquela noite, Oleg viu Nazar novamente em seu jardim, o olhar mais intenso, a presença quase sobrenatural.
— Ainda não acabou. Foi só o começo — disse o menino. — Preciso realizar cinco milagres antes de partir. E você… é a quinta porta.
Logo, outros milagres começaram a surgir pelo país: um menino paralítico começou a andar em Vinnytsia; sussurros sobre “Taras” e “as portas” surgiram na boca de Solomiya. Oleg percebeu: Nazar estava abrindo algo muito maior.
Até que uma noite, uma silhueta encapuzada com olhos negros sem fundo apareceu em seu jardim. E uma nota surgiu na manhã seguinte:
“Quatro, dois perdidos. A quinta é você. Você é as portas. Não o deixe chegar ao fim, ou ele não voltará por conta própria.”
Oleg remexeu o passado. Dez anos antes, ele aprovara a reforma de um abrigo infantil em Cherkasy. Para economizar, autorizou materiais de baixa qualidade. O prédio ruiu. Cinco crianças morreram. Entre elas, Nazar.
Tomado pela culpa, ele recebeu Nazar em sua casa pela última vez. O menino, com uma cicatriz no rosto e olhos de dor antiga, entregou-lhe um papel: um endereço. Era o local do abrigo que desmoronara.
— Lá, você pode destruir as portas… ou abri-las para sempre. A escolha é sua — disse Nazar. — Mas, se não fizer nada, eles virão. Para você. Para Solomiya.
Oleg foi até o abrigo em ruínas. Lá estava Nazar, segurando a boneca de uma das vítimas. O empresário caiu de joelhos e confessou em voz alta sua negligência.
Cinco figuras infantis emergiram das sombras do porão. Não mostravam raiva — apenas compaixão.
— Checamos — sussurrou uma delas. — Não se vinguem. Apenas a verdade.
Oleg pegou a boneca e prometeu viver para se redimir. Nazar, com um brilho dourado nos olhos, disse:
— Você fechou a porta. Agora posso ir.
Um clarão tomou o lugar. Nazar e as crianças desapareceram. Em seu lugar, um círculo de pedra branca e um broto verde nascia entre os escombros.
Nazar apareceu mais uma vez, caminhando pela estrada.
— Falta só uma porta.
Oleg voltou a Kiev. Solomiya, agora completamente curada, disse:
— Eles estão livres… Nazar também.
Ele criou a fundação “A Luz da Verdade”, ajudando crianças vítimas de negligência corporativa. Dedicou sua vida ao bem.
E, quando o vento sussurrava os nomes — Taras, Olena, Maxim, Sofia, Marta e Nazar — Oleg finalmente sentia paz. Eles estavam livres. E agora… ele também.