Toda vez que o filho dele vinha, meu marido me pedia para sair de casa para agradar a ex – até o dia em que eu não segui o plano.

Marilyn achava que estava sendo compreensiva ao deixar sua própria casa todo fim de semana para que o marido, Scott, pudesse passar tempo com o filho de seis anos, Ben. No começo, parecia algo temporário. Mas, depois de meses, um impulso a levou de volta para casa — e o que encontrou foi devastador.
Ela e Scott haviam namorado por dois anos antes do casamento. Durante esse tempo, Marilyn teve a chance de conhecer bem Ben, um menino doce e tímido. A mãe dele, Patricia, parecia tranquila com sua presença — até elogiava Marilyn por ser uma influência positiva.
Mas tudo mudou após o casamento.
Patricia ficou distante, e, tempos depois, Scott veio com uma proposta inesperada:
— Querida, acho melhor você ir para a casa dos seus pais nos finais de semana — disse ele, enquanto consertava um armário na cozinha.
Marilyn ficou confusa:
— O quê? Por quê?
— A Patricia não quer que o Ben fique perto de você. Diz que isso pode confundi-lo. Se souber que você está aqui, vai dificultar as visitas. Só quero evitar conflitos.
Marilyn tentou argumentar, dizendo o quanto Ben gostava dela. Mas Scott insistiu, dizendo que era “temporário” e que Patricia ameaçava diminuir seu tempo com o filho. Mesmo relutante, ela concordou — não queria ser a causa da separação entre pai e filho.
E assim, todas as sextas, ela fazia as malas e ia para a casa dos pais.
— Por que é você que está saindo da sua casa? — questionou sua mãe, indignada.
— É só por um tempo — mentia Marilyn, desconfortável.
Mas os fins de semana se tornaram semanas. E as semanas, meses. A cada sexta-feira, Marilyn saía da casa que era sua muito antes de Scott entrar em sua vida. Sentia-se expulsa, mas tentava entender.
Até que, em uma sexta qualquer, já a caminho da casa dos pais, algo mudou.
“Você é idiota?”, pensou. “Por que está aceitando isso?”
Impulsionada por um pressentimento, deu meia-volta e voltou para casa. O que viu a deixou sem chão.
A casa estava silenciosa. Nenhum sinal de Ben.
Na sala, Scott estava abraçado com Patricia no sofá. Pior: ela usava o pijama novo de Marilyn, o mesmo que ela havia comprado recentemente.
— O que está acontecendo aqui?! — gritou Marilyn.
Scott se levantou assustado e se machucou na mesinha de centro.
— M-Marilyn! Você devia estar na casa dos seus pais…
Patricia nem se incomodou. Passava a mão no tecido do pijama, sorrindo com sarcasmo:
— Parece que alguém saiu do roteiro.
— Onde está o Ben? — questionou Marilyn, sentindo o coração acelerar.
— Na casa da minha mãe — respondeu Patricia com naturalidade. — Ele sempre passa as sextas lá. Vocês não sabiam? — e virou-se para Scott com falsa surpresa. — Querido, não me diga que você mentiu para sua nova esposa?
Foi nesse momento que tudo se encaixou.
— Nunca foi sobre o Ben, não é?
— Inteligente — respondeu Patricia, se levantando. — Eu disse ao Scott que, se ele quisesse uma nova chance comigo, teria que me dar os fins de semana para testarmos a relação. Mandar você embora foi ideia dele.
— Ele é ótimo em soluções criativas — completou, com um sorriso frio.
Marilyn deu uma risada amarga.
— Interessante… porque ele me disse algo bem diferente.
Ela então tirou o celular do bolso e apertou “play” em uma gravação da semana anterior, onde Scott afirmava estar sendo obrigado por Patricia a afastá-la.
A expressão dele se desfez.
Mais tarde, Marilyn deixou claro que aquele era o fim. Voltaria a viver em sua casa — sozinha. Entrou com um pedido de divórcio e, em pouco tempo, estava reconstruindo sua vida com dignidade, sem mentiras nem humilhações.
E quanto a Patricia e Scott? Bom… pessoas que constroem relações sobre mentiras geralmente não vão longe.



