Vi minha filha e meu genro vivos.

— mesmo após tê-los enterrado há cinco anos
As férias na praia que Miriam tanto esperava foram destruídas no instante em que cruzou o saguão do hotel. Seus olhos pousaram sobre um casal que ela jamais esperava ver de novo: sua filha Pamela e seu genro Frank — as mesmas pessoas que ela acreditava ter enterrado, em lágrimas, cinco anos antes.
Aos 65 anos, Miriam estava finalmente tentando sair do luto. Desde o acidente que supostamente havia tirado a vida de Pamela e Frank, sua vida se resumia a rotina, tristeza e um vazio que parecia não ter fim. Aquela viagem às Bahamas era seu primeiro passo em direção a algo diferente.
Logo após descer do ônibus do aeroporto, ela respirou fundo. O ar salgado era revigorante, um contraste com os anos de dor silenciosa. O resort Ocean Club se erguia à sua frente, luxuoso e tranquilo. Um carregador a guiou até o saguão enquanto ela tentava se permitir relaxar.
A recepcionista a recebeu com um sorriso:
— Bem-vinda ao Ocean Club, senhora. Qual o nome para o check-in?
— Miriam Leary — respondeu, ainda distraída com o movimento ao redor.
Enquanto a funcionária digitava, os olhos de Miriam vagaram pelo saguão… e então pararam.
Ali, na pequena loja de presentes, de frente para uma vitrine de conchas coloridas, estavam dois rostos que ela jamais poderia esquecer. Era Pamela. Era Frank. Vivos.
Ela congelou. Sua respiração travou. Era impossível — eles tinham morrido. Ou… será que não?
— Senhora? Aqui está a chave do seu quarto — disse a recepcionista, mas a voz soou distante, quase irreal.
Sem desviar o olhar do casal, Miriam pegou a chave às cegas. Eles estavam se afastando da loja.
— Segure minhas malas — pediu ao carregador, já se movendo — Eu já volto.
Ela atravessou o saguão quase correndo, o coração martelando no peito.
— Pamela! — gritou.
A mulher se virou. Por um segundo, seus olhos se encontraram. O choque no rosto dela confirmou tudo. Era mesmo Pamela.
Pamela sussurrou algo a Frank, que também olhou para trás — e sua expressão se transformou em puro pânico. De repente, eles fugiram.
— Parem aí mesmo! — gritou Miriam, do lado de fora, enquanto o sol refletia nas palmeiras. — Ou eu chamo a polícia!
A ameaça os fez congelar. Eles pararam e se viraram lentamente.
— Mãe… — disse Pamela, com lágrimas nos olhos — Nós podemos explicar.
Dentro do quarto de hotel, o silêncio era pesado. Miriam cruzou os braços e encarou os dois.
— Comecem a falar — ordenou.
Frank engoliu em seco.
— Sra. Leary, nós nunca quisemos machucar a senhora.
— Me machucar?! — Miriam soltou uma risada amarga. — Eu enterrei vocês! Chorei por vocês por cinco anos! E agora estão aqui, me dizendo que não queriam me machucar?
— Mãe — disse Pamela, dando um passo à frente — nós tínhamos nossas razões…
— Que razão justificaria isso?! — cortou Miriam.
Frank e Pamela trocaram olhares, até que Frank respondeu:
— Nós ganhamos na loteria.
O silêncio foi absoluto. Só se ouvia o som do mar lá fora.
— A loteria? — repetiu Miriam, incrédula. — Fingiram suas mortes… por dinheiro?
— Era muito dinheiro, mãe — murmurou Pamela. — Achamos que se as pessoas descobrissem, todos iriam querer uma parte. Queríamos recomeçar. Sem obrigações.
— Obrigações como pagar a dívida com a família do Frank? Como ajudar os filhos do seu primo, depois que ficaram órfãos? Essas obrigações?
Frank cruzou os braços.
— Não devíamos nada a ninguém. Essa era nossa chance de viver a vida que sempre sonhamos.
— Às custas de todos que os amavam? E aposto que nem declararam esse dinheiro.
Miriam se virou para a filha, com a voz tremendo:
— Pamela, como você pôde fazer isso comigo?
Pamela baixou os olhos.
— Eu… Frank disse que era o melhor…
— Ei! — interrompeu Frank — Você também concordou com o plano.
Miriam observou a filha murchar diante da postura dele. Pela primeira vez, percebeu o controle que Frank tinha sobre ela.
— Pamela — disse com ternura — venha comigo. Volta pra casa. A gente pode recomeçar, fazer tudo certo.
Por um instante, a esperança brilhou nos olhos da filha… mas Frank segurou seu ombro com firmeza.
— Não vamos a lugar nenhum — declarou. — Nossa vida é aqui. Temos tudo o que precisamos.
Pamela abaixou os olhos.
— Desculpa, mãe. Eu não posso.
Miriam os encarou em silêncio, depois se virou e saiu.
Ela não conseguiu aproveitar as férias. Mudou a passagem e voltou para casa no dia seguinte, ainda em choque. Será que devia denunciá-los? Será que era crime fingir a própria morte?
No fim, não o fez.
Deixou a porta da frente destrancada. E esperou.
Três anos depois, em uma tarde chuvosa, alguém bateu à porta.
Pamela estava na varanda. Encharcada, com os braços cruzados sobre o peito e os olhos perdidos.
— Mãe… posso entrar?
Miriam hesitou… depois deu um passo para o lado.
Pamela entrou arrastando os pés. Estava irreconhecível: roupas simples, cabelos desgrenhados, olheiras profundas.
— O que aconteceu? — perguntou Miriam com cautela.
— Tudo se foi — respondeu Pamela. — O dinheiro, a casa… Frank fez péssimos investimentos, começou a jogar… Tentei impedi-lo, mas… ele sumiu. Levou o que sobrou. Não sei onde está.
Miriam sentou à frente da filha, digerindo tudo. Parte dela queria abraçá-la. Outra, ainda sofria.
— Por que veio aqui?
— Porque… eu não tinha mais ninguém. Sei que não mereço sua ajuda, depois de tudo. Mas eu sinto sua falta, mãe. Sinto muito. Por tudo.
Miriam ficou em silêncio por longos segundos. Depois falou:
— Pamela, o que vocês fizeram foi muito sério. Fingiram a própria morte, esconderam dinheiro, traíram pessoas que os amavam. Se quer recomeçar, precisa assumir as consequências. Precisa ir à polícia. Contar tudo.
Pamela empalideceu.
— Mas… posso ir presa.
— Sim — respondeu Miriam. — Mas é o único caminho se quiser consertar as coisas.
Após um longo momento, Pamela assentiu.
— Ok… Eu vou. Eu conto tudo.
Miriam sentiu um lampejo de orgulho. Talvez sua filha não estivesse totalmente perdida.
— Então vamos. Te arruma. Depois vamos à delegacia.
Minutos depois, já no carro, Pamela hesitou:
— Mãe… você vai ficar comigo?
Miriam pegou sua mão e apertou com carinho.
— Sim, filha. Eu vou estar com você. Com certeza.
— Obrigada — sussurrou Pamela, respirando fundo. Sua expressão se firmou. — Vamos.
Aquela sim era a filha que Miriam se lembrava.
Investimentos (Ações, Criptomoedas, Fundos)
Investir é fundamental para construir um futuro mais seguro. Mas é preciso conhecimento, paciência e cautela. Investimentos em ações, criptomoedas e fundos oferecem boas oportunidades, mas também trazem riscos. Nunca invista com base em promessas milagrosas ou “dicas quentes” de internet. Estude, diversifique e, se possível, busque auxílio de profissionais. O investimento consciente começa com educação financeira e metas claras.