HISTÓRIAS

“Vi uma criança perdida no aeroporto — o que havia em sua mochila me tirou o fôlego”.

Duas semanas atrás, enquanto esperava meu voo em um aeroporto movimentado, vi uma criança andando sozinha entre os passageiros. Era um menino de cerca de seis anos, agarrando sua mochila como se fosse a única coisa que o mantivesse seguro naquele caos. Não consegui ignorar aquela cena.

Eu já estava há mais de quatro horas naquele terminal, e entre cafés e tentativas frustradas de matar o tempo, notei o garoto caminhando sem direção. Não havia pais por perto, ninguém chamando por ele. Apenas ele, perdido em meio à multidão. Seus olhos estavam arregalados, mas ele se esforçava para não chorar. Aquele olhar… eu conhecia bem. Era o olhar de quem estava tentando ser forte, mesmo estando assustado.

Levantei-me instintivamente e me aproximei com cuidado.

— Ei, amigo — falei suavemente, para não assustá-lo —, está tudo bem com você?

Ele parou. Por um instante, achei que ia fugir, mas apenas ficou parado, segurando firme sua mochila, como se ela fosse um escudo. Depois de um momento, respondeu com um aceno tímido.

— Qual é o seu nome?

— Tommy — ele sussurrou.

Agachei-me para ficar na altura dele.

— Você sabe onde estão seus pais? Ou tem algo na mochila que possa me ajudar a encontrá-los?

Ele assentiu, hesitante, e me entregou a mochila. Ao abri-la, procurei por um cartão de embarque, um crachá, qualquer pista. Encontrei uma passagem aérea amassada com o nome completo dele. Quando li o sobrenome, congelei.

“Harrison.”

Meu sobrenome.

Olhei de novo para o garoto. Seus traços — o nariz, os olhos, até o queixo — tinham algo muito familiar. Mas isso era impossível. Eu não tenho filhos. Mal tenho contato com minha própria família. Então uma lembrança me atingiu como um soco no estômago: Ryan.

Meu irmão desaparecido. Sumiu da minha vida anos atrás, sem explicações. Ele simplesmente foi embora, e com ele levou tudo: respostas, afeto e os laços que ainda restavam da nossa família.

— Tommy… quem é seu pai?

Ele desviou o olhar.

— Ele está aqui… no aeroporto.

— Você sabe o nome dele?

Tommy hesitou, depois disse apenas:

— Ele é meu pai.

A resposta foi vaga, mas a intuição apertava no meu peito. Levantei-me.

— Vamos encontrar a segurança. Eles podem ajudar.

Enquanto caminhávamos, um homem apareceu correndo na nossa direção, varrendo a multidão com os olhos. E então ele nos viu. E eu vi ele.

Ryan.

O rosto mais abatido do que eu lembrava, olheiras fundas, barba por fazer. Parecia ter envelhecido uma década. Seu olhar se fixou em Tommy. Depois em mim.

— Pai! — Tommy gritou, tentando soltar minha mão.

Ryan correu até nós e se ajoelhou diante do filho.

— Tommy! Meu Deus! — Ele o puxou para um abraço apertado, visivelmente aliviado.

Quando seus olhos voltaram para mim, o choque foi evidente.

— Eu… não acredito — ele balbuciou. — Obrigado por ter ficado com ele.

Assenti, ainda tentando entender o turbilhão de emoções que me invadia. Havia anos de silêncio, mágoa e distância entre nós. Um abismo.

— Ele é… meu sobrinho? — perguntei, sem conseguir evitar.

Ryan demorou a responder, mas finalmente assentiu.

— Sim. Ele é.

Senti meu coração apertar.

— Eu queria saber — murmurei.

Ryan abaixou a cabeça.

— Eu não soube como te contar. Não soube como voltar.

Ficamos em silêncio. Pela primeira vez em muito tempo, não havia palavras. Apenas um entendimento silencioso. A vida nos levou por caminhos diferentes, mas naquele momento, algo havia mudado. O acaso — ou talvez o destino — nos reuniu ali, naquele aeroporto.

— Bom… — respirei fundo. — Talvez esse seja um bom momento para começarmos de novo.

Ryan me olhou, surpreso, como se não esperasse essa abertura.

— Você aceitaria isso? — ele perguntou, com a voz embargada.

Olhei para Tommy, que segurava a mão do pai com força, mas também me lançava um olhar curioso, quase esperançoso.

— Por ele, sim. — Sorri. — E por nós também.

Ryan assentiu, emocionado. Não resolvemos tudo naquele instante, mas algo se reaproximou. E isso já era um começo.

Afinal, às vezes é preciso se perder — ou encontrar uma criança perdida — para achar o caminho de volta para casa.

Cartão de Crédito: Liberdade ou Armadilha?
Vivemos em uma sociedade cada vez mais digital, na qual o cartão de crédito se tornou um dos meios de pagamento mais populares. Ele oferece agilidade, segurança e vantagens como parcelamento de compras e programas de fidelidade. No entanto, apesar de todos esses benefícios, o cartão de crédito pode se tornar um dos maiores vilões das finanças pessoais se não for usado com responsabilidade e consciência.

Muitos consumidores cometem um erro comum: enxergam o limite do cartão como uma extensão da renda mensal. Esse pensamento leva a gastos que, na prática, não cabem no orçamento. E o problema começa quando a fatura chega — e o valor é maior do que o esperado. Nesse momento, o consumidor pode recorrer ao pagamento mínimo, o que ativa o temido crédito rotativo, cujas taxas de juros estão entre as mais altas do mercado financeiro.

O que começa com um pequeno desequilíbrio pode se transformar em uma bola de neve. Dívidas que não são quitadas rapidamente acumulam juros compostos, multas e encargos, dificultando cada vez mais a regularização da situação. Por isso, o cartão de crédito, que deveria ser uma ferramenta de conveniência, se torna um fator de estresse, angústia e descontrole financeiro.

A conscientização no uso do cartão de crédito começa com a mudança de mentalidade. Em vez de pensar “posso pagar depois”, é preciso se perguntar: “Eu tenho dinheiro para isso agora?”. Comprar com o cartão não elimina a despesa — apenas adia o pagamento. E se não houver planejamento, esse adiamento pode custar caro.

Algumas práticas fundamentais para o uso saudável do cartão de crédito incluem:

Planejar os gastos mensais: Antes de usar o cartão, avalie se a despesa está dentro do orçamento e se será possível quitar o valor integral na próxima fatura.

Evitar parcelamentos longos: Parcelar uma compra por muitos meses compromete a renda futura e dificulta o controle financeiro. Sempre avalie o impacto de cada parcela.

Acompanhar os gastos em tempo real: Utilize aplicativos do banco ou do próprio cartão para verificar os lançamentos diariamente. Isso evita surpresas na fatura.

Ter limite compatível com a renda: Um limite muito alto pode estimular o consumo exagerado. Ajustar o limite ao orçamento é uma forma de proteção.

Pagar sempre o valor total da fatura: Nunca pague o mínimo. Isso aciona automaticamente o crédito rotativo, gerando altos juros e aumentando sua dívida mês após mês.

Além disso, é importante saber que o histórico de uso do cartão de crédito influencia diretamente sua pontuação de crédito (score). Um bom uso — com pagamentos em dia e controle de gastos — pode abrir portas para financiamentos, empréstimos com juros mais baixos e até ofertas exclusivas. Por outro lado, atrasos e inadimplência reduzem a credibilidade do consumidor no mercado.

Educação financeira é um passo essencial para transformar o cartão de crédito em aliado, não inimigo. Ler sobre o funcionamento do crédito, assistir a vídeos educativos e, se possível, conversar com um especialista em finanças pode ajudar a desenvolver um comportamento mais consciente e equilibrado.

Em resumo: o cartão de crédito não é o vilão. O problema está no uso inconsciente, impulsivo ou desinformado. Com disciplina, planejamento e conhecimento, é possível aproveitar todos os benefícios que ele oferece, sem cair nas armadilhas do endividamento. Faça do seu cartão de crédito uma ferramenta a favor da sua liberdade financeira — e não uma prisão de dívidas que você não consegue pagar.

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