HISTÓRIAS

Aluguei um quarto de uma senhora idosa e simpática.

— mas uma olhada na geladeira na manhã seguinte me fez fazer as malas
Quando você está desesperado, se agarra a qualquer sinal de esperança. Foi assim que me senti: sobrecarregada com as contas médicas do meu irmãozinho, lutando para acompanhar as aulas em período integral e exausta dos turnos noturnos como garçonete.

Ser aceita em uma universidade de outra cidade deveria ser um momento de alegria. Mas, sem condições financeiras para bancar uma moradia estudantil, tudo parecia mais um peso. Foi então que vi um anúncio: um quarto aconchegante, aluguel baixo, em uma casa antiga de uma senhora idosa que me lembrava minha avó. Parecia perfeito.

A senhora Wilkins me recebeu com um sorriso caloroso e cheiro de lavanda no ar. A casa era charmosa, com papel de parede floral, móveis antigos e uma mesa posta com sopa caseira.

— Você vai ficar bem aqui, querida — disse ela, segurando minha mão com firmeza.

Naquela noite, dormi profundamente, pela primeira vez em meses. Me senti segura. A sensação de lar, mesmo longe de casa.

Na manhã seguinte, fui até a cozinha pegar um café. Foi então que vi — presa à geladeira — uma lista enorme, escrita em letras vermelhas:

REGRAS DA CASA – LEIA COM ATENÇÃO

Eram doze itens, começando por:

Nenhuma chave será fornecida. A entrada só será permitida entre 9h e 20h.

O banheiro permanece trancado. Peça a chave à Sra. Wilkins e devolva após o uso.

A porta do seu quarto deve permanecer aberta o tempo todo.

Nada de carne na geladeira.

Aos domingos, você deve sair entre 10h e 16h.

Nenhuma visita, jamais.

A Sra. Wilkins pode entrar no seu quarto a qualquer momento.

Uso de celular limitado a 30 minutos por dia.

Música não é permitida.

Você não pode cozinhar sem autorização.

Só é permitido tomar banho três vezes por semana.

RESERVADO PARA MAIS TARDE

Meu estômago revirou. “Reservado para mais tarde?” O que mais poderia vir? Meus dedos tremiam.

— Bom dia, querida — cantarolou a Sra. Wilkins atrás de mim, com um tom cortante. — Leu tudo? Cada palavra?

Assenti, tentando sorrir.

— Espero que as regras não sejam demais para você — disse ela, voltando à sua doçura artificial. — Elas são muito importantes para mim.

Voltei para o quarto, cada passo mais pesado. Ouvi seus passos parando do lado de fora. Então, silêncio. Vi pela janela que ela caminhava até uma estufa no quintal.

Respirei fundo. Aquela era minha chance.

Comecei a arrumar minhas coisas o mais rápido e silenciosamente possível. Foi quando ouvi um estalo no interfone antigo preso à parede:

— Está fazendo muito barulho aí dentro. Vai me explicar o que está fazendo?

Congelei.

— Esqueceu da regra número sete? — a voz da Sra. Wilkins ecoou. — Tudo requer minha aprovação.

Fechei a mala com pressa. Fui até a porta. Mas antes de alcançar a maçaneta, lá estava ela, parada no corredor.

— Já vai embora, querida?

— É… tive um compromisso urgente que havia esquecido — gaguejei.

Ela manteve o sorriso, mas os olhos estavam frios.

— Lembre-se: tudo sempre vale a pena ser discutido.

Saí sem olhar para trás.

Caminhei até um parque e me sentei num banco, tentando entender o que acabara de acontecer. Estava sozinha, sem plano B. Foi então que um rapaz se aproximou.

— Tudo bem com você?

Era Ethan. Jovem, gentil, ofereceu um croissant e ouviu minha história. Trabalhava num café perto do campus e conhecia uma vaga num apartamento compartilhado. Parecia sorte. Ele até se ofereceu para me ajudar a mudar.

Nas semanas seguintes, minha vida começou a se estabilizar. Um novo emprego no café, um quarto novo, mais liberdade. Ethan virou um amigo próximo — talvez mais que isso. Mas algo nele me deixava inquieta. Às vezes, me observava de um jeito… estranho.

— Já pensou na Sra. Wilkins? — perguntou uma noite. — Pessoas assim não criam regras por acaso. Têm razões. Razões obscuras.

Fingi que não me importava, mas menti.

Até hoje, às vezes me pergunto se ela conseguiu outro inquilino. E o que estava na décima segunda regra.

Mas uma coisa é certa: fugir naquela manhã foi a melhor decisão da minha vida.

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