HISTÓRIAS

Filho Expulsa o Pai por Recusar-se a Pagar Aluguel — Até Descobrir a Verdade

Passei anos da minha vida alimentando o desejo de me vingar do meu pai por ter me abandonado quando eu mais precisava. E quando a vida me deu essa chance… eu hesitei.

Certo dia, abri a porta e vi alguém que eu jamais esperava encontrar ali. Era meu pai. Eu não o via há anos — na verdade, nem queria vê-lo.

— “Oi, filho. Desculpa aparecer assim. Tentei te ligar, mas você não atendeu,” ele disse com a voz baixa.

— “Tá… o que você quer?”

— “Eu queria saber se… talvez eu pudesse ficar com você um tempo. Não tenho onde morar agora…”

— “Pode ficar, mas vai ter que pagar aluguel.”

— “Mas eu tô sem dinheiro nenhum… você é a única pessoa que pode me ajudar.”

— “Eu não me importo,” respondi, sentindo meu peito apertar. “Pode viver na rua. Eu queria que Deus tivesse levado você no lugar da mamãe!”

Minha esposa, Julie, estava logo atrás de mim e presenciou tudo. Ela ficou revoltada com o que viu, mas não sabia pelo que eu tinha passado com meu pai. Ela insistiu até que eu contasse.

Comecei a relembrar: tudo começou quando completei 18 anos. Minha mãe já havia falecido dois anos antes, e meu pai ainda tentava se adaptar à nova realidade. Naquele aniversário, ele preparou uma festa surpresa. Após a comemoração, ele me chamou para conversar sobre minha situação de moradia.

— “Você já é adulto agora,” ele disse. “Se quiser continuar morando aqui, vai ter que pagar alguma coisa.”

Eu fiquei furioso.

Ele disse que isso era normal, que eu precisava amadurecer. Eu respondi que preferia morar num alojamento na faculdade do que pagar aluguel para o próprio pai. Foi quando ele me disse que não podia pagar meus estudos, que eu teria que me virar — arrumar um emprego ou fazer um empréstimo.

— “Me senti traído, Julie. Foi por isso que saí de casa,” confessei.

Julie me contou que meu pai havia entrado em contato com ela dias antes e que ela havia dado nosso endereço. Mas também não me contou nada… E então sugeriu que eu o perdoasse.

— “Perdoar? Ele me jogou fora como um cachorro de rua! Eu ralo pra viver minimamente bem! E ele? Simplesmente sumiu! Não tem perdão!” eu gritei.

— “Mas é seu pai…” — insistiu Julie.

— “E daí? Você não entende! Só minha mãe me amava de verdade. Ela nunca teria deixado ele me expulsar…”

Julie me interrompeu:

— “Nick, você conhece o lado da história do seu pai? Você perdeu sua mãe, mas ele perdeu a esposa. Já pensou em como isso o afetou também?”

— “CHEGA!” gritei. “Eu não quero ouvir mais nada!”

Apesar de saber que Julie só queria me ajudar, eu precisava pensar. Então saí para caminhar e tomar ar.

Passei por alguns bancos na rua, quando vi um homem dormindo em um deles. Achei que fosse um morador de rua… Mas olhando de novo, reconheci. Era meu pai.

— “Pai, acorda! Você tá bem?”

Ele abriu os olhos assustado.

— “Nick? É você?”

— “Sou eu… me desculpa, pai. Eu só…”

— “Eu só queria te ver bem na vida…”

— “Calma, pai. Tá tudo bem.”

Ele começou a chorar.

— “Achei que se te pedisse aluguel, você se mexeria. Eu queria te motivar a sair do sofá, a crescer. Eu não consegui pagar sua faculdade porque investi tudo no meu negócio… e ia te passar ele. Mas perdi tudo, Nick.”

Naquele instante, entendi o que Julie quis dizer. Tudo o que ele fez, por mais duro que tenha sido, foi por amor. E agora, ele só tinha a mim.

— “Não, pai. Se não fosse você, eu teria ficado no sofá sem fazer nada. Foi por sua causa que hoje tenho um bom emprego, uma família… Tudo graças a você.”

— “Eu cometi muitos erros, filho. Eu te magoei. Você pode me perdoar?”

— “É você quem deve me perdoar, pai.” — E então algo dentro de mim mudou. Eu vinha tentando meditar, praticar o perdão, mas nunca tinha conseguido perdoá-lo de verdade. Até aquele dia.

— “Carreguei essa raiva por tantos anos… tentei mil coisas pra me livrar dela. Mas agora eu entendo… Eu estava errado.” Me levantei e estendi a mão para ele. “Vamos pra casa, pai. A gente tem muito o que conversar…”

— “Obrigado, filho. Eu te amo! Sempre te amei!”

— “E você vai ser avô!”

— “O quê? A Julie tá grávida?!”

E pela primeira vez em muitos anos, eu sorri com leveza no coração. Porque, enfim, eu estava em paz.

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