Meu filho de 16 anos foi passar o verão com a avó — até que um dia ela me ligou dizendo: “Por favor, me salve dele!”

Pela primeira vez, meu filho me pediu para passar o verão na casa da minha mãe — sozinho. Fiquei surpresa. Normalmente, ele não demonstrava nenhum interesse em ir para lá ou ficar naquele vilarejo pequeno e tranquilo onde ela vive.
Minha mãe tem uma deficiência física e, por isso, pago uma cuidadora para ajudá-la todos os dias. Ela se recusa a morar conosco ou ir para um asilo. Para minha surpresa, meu filho se ofereceu para cuidar dela pessoalmente, dizendo que assim a cuidadora poderia tirar férias.
“Será que ele finalmente está amadurecendo?”, pensei.
Na primeira semana, ele parecia muito carinhoso nas ligações. Mas comecei a achar estranho o fato de nunca conseguir falar com minha mãe. Toda vez que perguntava por ela, ele dizia que ela estava dormindo ou ocupada.
Até que, um dia, recebi uma ligação do celular do meu filho… mas quem falava era minha mãe, sussurrando com voz fraca:
“Por favor… me salve dele.”
Antes que eu pudesse reagir, a ligação caiu. Tentei retornar várias vezes, sem sucesso.
Entrei no carro e fui direto para a cidade dela.
Quando cheguei à casa, parecia abandonada — nenhuma luz acesa, a fachada descuidada.
Abri a porta… e meu coração despencou.

Na sala, encontrei o caos.
Jovens desconhecidos riam, gritavam, bebiam e dançavam ao som de música alta. Alguns pareciam universitários, outros ainda adolescentes.
Uma mistura de raiva e dor me invadiu.
— “Onde ele está?”, murmurei, atravessando a multidão, cada vez mais furiosa.
— “Com licença! Saiam da frente!”
Uma garota largada no sofá me olhou preguiçosamente.
— “Relaxa, tia… é só uma festinha”, disse ela, balançando uma garrafa na minha direção.
— “Cadê a minha mãe?” — perguntei seca.
— “Velha? Sei lá. Nem vi ninguém assim por aqui.”
Continuei me esgueirando pela casa, gritando o nome do meu filho e chamando por minha mãe.
— “Mãe!”, implorei, chegando até a porta do quarto dela. Estava fechada, a maçaneta arranhada.
Bati com força, o coração acelerado.
— “Sou eu! Está aí?”
Uma voz fraca e trêmula respondeu:
— “Estou aqui. Por favor… me tira daqui.”
Abri a porta às pressas. Ela estava sentada na beira da cama, pálida, com olheiras profundas e os cabelos desgrenhados.
— “Ah, mãe…” — me ajoelhei ao lado dela e a abracei.
A mão dela segurou a minha com força.
— “Ele começou só com alguns amigos”, sussurrou. “Mas quando pedi para parar, ele ficou irritado. Disse que eu estava atrapalhando. E começou a me trancar aqui. Disse que eu estava… acabando com a diversão.”
Fiquei arrasada. Eu tinha sido ingênua. Acreditei no meu filho quando disse que queria “ajudar”. Respirei fundo, contendo as lágrimas.
— “Eu vou consertar tudo isso, mãe. Prometo.”
— “Você precisa…”, respondeu ela, com os dedos gelados tremendo sobre os meus.
Voltei para a sala.
Meu filho estava escorado na parede, rindo com outros jovens.
Quando me viu, empalideceu.
— “Mãe? O que você tá fazendo aqui?”
— “O que eu estou fazendo aqui? Olha ao redor. Veja o que você fez com a casa da sua avó!”
— “É só uma festa. Não precisa exagerar.”
— “Expulsa todo mundo. Agora.” — Minha voz saiu firme como aço.
— “Se essa casa não estiver vazia em dois minutos, eu chamo a polícia.”
Um silêncio tomou conta do ambiente. Um por um, os convidados começaram a sair, tropeçando e murmurando.
Quando o último saiu, me virei para ele.
— “Eu confiei em você. Sua avó confiou em você. E é assim que você retribui?”
— “Ela nem usava a casa toda… Você vive pegando no meu pé, mãe! Eu só queria um pouco de liberdade!”
— “Liberdade?”, repeti com indignação. “Você vai aprender o que é responsabilidade.”
Respirei fundo.
— “Você vai pra um acampamento de verão com regras rígidas. E eu vou vender todos os seus eletrônicos para pagar os danos causados. Não vai ter ‘liberdade’ até que prove que merece.”
— “O quê?” — ele tentou reagir. “Você tá falando sério?”
— “Mais do que nunca. E se não mudar, está fora de casa aos dezoito. Chega de desculpas.”
No dia seguinte, o enviei para o acampamento.
Durante todo aquele verão, eu cuidei da casa da minha mãe.
Limpei caco por caco, repintei paredes, arrumei portas e fiquei ali, torcendo para que meu filho voltasse diferente.
E ele voltou.
Mais calmo, mais presente, mais respeitoso. Passava as noites estudando, ajudava em casa e pedia desculpas sem ser cobrado. Aos poucos, vi surgir o homem que eu esperava que ele se tornasse.
Dois anos depois, ele subiu novamente as escadas da casa da avó — com a cabeça baixa, um buquê nas mãos e lágrimas nos olhos.
Ele estava prestes a se formar com honras e havia sido aceito em uma boa faculdade.
— “Desculpa, vó”, disse, com a voz embargada.
Eu segurei o fôlego enquanto via meu filho — aquele garoto que eu quase perdi — entregar a ela um pedaço do seu coração.
E ela sorriu.
Fim.