A SOGRA E O MARIDO EXPULSARAM ATHENA — TRÊS ANOS DEPOIS, ELES A VIRAM NOVAMENTE E NÃO CONSEGUIRAM ACREDITAR EM SEUS OLHOS.

Numa noite fria de outubro, a vida de Atena mudou para sempre.
Ela estava parada diante do portão do que antes era sua casa, segurando uma sacola arrumada às pressas, o coração em pedaços.
As palavras duras da sogra ainda ecoavam em sua mente:
— Saia da minha casa! E nunca mais volte a pôr os pés aqui!
Dez anos de casamento haviam desmoronado em uma única noite.
Atena, ainda esperançosa, acreditava que Jônatas — seu marido — a defenderia. Mas ele apenas abaixou a cabeça, em silêncio, enquanto assistia à própria mãe a expulsar.
Tudo começou por algo trivial: um prato que ela cozinhou “errado”.
— Você não consegue nem preparar um borscht decente! Que tipo de mulher é você? E nem filhos pode nos dar!
— Mãe, por favor, calma — murmurou Jônatas, hesitante.
Mas a mãe dele estava decidida.
— Não, filho. Eu não vou assistir calada essa mulher incompetente arruinar sua vida. Escolha: ou ela, ou eu!
Atena congelou, esperando ouvir as palavras que desejava: “Eu escolho você”.
Mas Jônatas apenas encolheu os ombros e disse:
— Arin, talvez você deva sair por uns dias… fique com alguma amiga, pense nas coisas…
E assim, sem apoio, sem escolha, Atena se viu do lado de fora — sozinha, abandonada, com o mundo desabando.
Com apenas cinco mil rublos na carteira e alguns contatos antigos no telefone, ela começou do zero.
Por muito tempo, sua vida girou em torno do marido e da sogra. Agora, ela não sabia mais quem era.
Ela caminhou pelas ruas molhadas, sem sentir o frio da garoa. Por dentro, estava vazia.
As primeiras semanas foram um borrão de dor.
Sua amiga Katherine lhe ofereceu um cantinho em seu minúsculo apartamento de um quarto.
— Você precisa trabalhar — insistia Katherine. — Comece com qualquer coisa. O importante é se reerguer.
Atena conseguiu um emprego como garçonete em um café de bairro.
Os turnos longos a exauriam. Suas pernas doíam, e o cheiro constante de comida a enjoava.
Mas pelo menos, ocupava sua mente e afastava o desespero.
Certa noite, quase no fim do expediente, entrou um homem de meia-idade.
Sentou-se sozinho, pediu um café e ficou observando o ambiente em silêncio.
Atena lhe serviu a bebida, forçando um sorriso cansado.
— Seus olhos são tristes — disse ele de repente. — Desculpe a sinceridade. Mas sei ler as pessoas. Você não pertence a este lugar.
Ela tentou ignorá-lo, mas ele puxou uma cadeira e se sentou à sua frente.
Foi assim que conheceu Mendes.
— Tenho uma pequena rede de lojas — contou ele. — Estou procurando uma gerente competente. Se estiver interessada, podemos conversar melhor amanhã.
— Por que me ofereceria um emprego? — ela questionou, desconfiada.
— Porque vejo inteligência e força nos seus olhos. Mesmo que você ainda não veja.
Atena ficou em dúvida, mas aceitou conversar.
Uma semana depois, já estava empregada.
No início, enfrentou dificuldades — temia errar, sentia-se insegura. Mas Mendes foi paciente.
— Você é talentosa — dizia ele. — Só foi silenciada pelas vozes erradas. Em vez de pensar “não consigo”, pergunte-se “como posso fazer melhor?”.
E Atena começou a florescer.
Seu sorriso, antes forçado, passou a ser genuíno.
Um ano depois, ela já administrava três lojas. Seu olhar era firme, sua postura, confiante.
Durante um jantar, Mendes disse:
— Você superou todas as minhas expectativas. Se tornou mais que uma colega. Mais que uma amiga.
Atena sorriu, mas afastou sua mão com delicadeza.

— Mendes, sou muito grata. Mas preciso de tempo. Estou apenas começando a descobrir quem sou.
— Eu vou esperar — respondeu ele, com ternura. — Você não é mais aquela garçonete do café.
E era verdade.
Hoje, Atena vestia ternos, dirigia seu próprio carro e liderava reuniões com segurança.
— Não estou mais com raiva deles — disse certa vez. — Nem da minha sogra, nem do meu ex. Eles são só personagens de um sonho antigo.
Na véspera do Ano Novo, ela e Mendes conversavam sobre abrir uma nova loja.
— Vamos conseguir a tempo? — ele perguntou.
— Claro. A equipe está pronta, os documentos quase finalizados.
Mais tarde, Katherine ligou:
— Chefa-amiga, quando vamos nos ver?
— Neste fim de semana! No café onde eu trabalhava. Vamos lá?
Durante o reencontro, Katherine a observou com atenção.
— Você está completamente diferente — não só por fora, mas por dentro também.
— Finalmente descobri quem eu sou — respondeu Atena. — Antes, achava que viver era aguentar, sorrir e calar. Mas aquilo não era viver… era sobreviver.
— E Mendes? — perguntou Katherine, com um sorriso curioso.
Atena hesitou. Mendes era gentil, presente. Esteve ao lado dela quando ninguém mais estava. Mas…
— Tenho medo de me perder de novo. De me anular por causa de um homem.
— Isso é bobagem — disse Katherine com firmeza. — Você não é mais a mesma Atena. E Mendes vê isso. Ele valoriza a mulher que você se tornou.
E naquele momento, Atena soube: seu passado não a definia mais. Ela havia renascido.