Minha Sogra Sabotou o Vestido da Minha Filha no Concurso Escolar — Só Porque Ela Não Era Sua Neta Biológica

Às vezes, as pessoas de quem mais esperamos amor são justamente as que mais nos ferem. Nunca imaginei que alguém pudesse ser tão cruel com uma criança. Na manhã do concurso escolar, o vestido da minha filha estava arruinado. Mas o que mais doeu não foi o dano em si… e sim saber exatamente quem fez aquilo — e por quê.
Seis anos se passaram desde que me casei com Charles, e ainda me emociono ao ouvir nossas filhas rindo juntas. Lily, minha filha, e Linda, filha dele do primeiro casamento, têm a mesma idade, dividem o quarto, a escola… e um laço que parece de sangue. Tornaram-se irmãs inseparáveis, e isso foi o maior presente dessa nova família.
— Mãe! Podemos comer biscoitos agora? — gritou Lily da escada.
— Só se terminaram o dever de casa! — respondi.
As duas, já com 15 anos, desceram correndo e rindo para a cozinha.
— Estamos morrendo de fome! — disse Linda dramaticamente, pegando um biscoito.
— O papai vai se atrasar de novo, né? — perguntou Lily, sentando no balcão.
— Reunião de orçamento — expliquei, servindo leite. — Ele disse para não esperarmos.
— Vocês viram o cartaz do Concurso de Primavera? — perguntou Linda, animada. — A gente devia participar juntas!
Lily hesitou:
— Não sei…
— Vai ser incrível! Podemos usar vestidos combinando! — insistiu Linda.
— E quem vocês acham que vai costurar esses vestidos? — brinquei.
As duas me olharam com os mesmos olhinhos de súplica.
— Por favor, mãe! Você costura tão bem — disse Lily.
— Por favor, Elina? — pediu Linda. Ela nunca me chamou de “mãe”, mas sua voz tinha o mesmo carinho.
— Tá bom — ri. — Mas vocês duas vão ajudar no modelo!
Mais tarde, Charles me abraçou.
— Minha mãe ligou. Quer que a gente vá jantar lá no domingo.
Meu estômago revirou.
— A Wendy chamou todos nós?
Mesmo no escuro, percebi sua hesitação.
— Ela perguntou da Linda especificamente, mas…
— Tudo bem — interrompi. — Faz semanas desde o último… comentário dela.
— Já conversei com ela tantas vezes — suspirou Charles.
Segurei sua mão.
— Vamos continuar mostrando a ela que somos uma família. Todos nós.
O jantar na casa da Wendy sempre foi um exercício de paciência. E naquele domingo não foi diferente.
— Linda, querida, comprei algo para você — disse ela após o assado, entregando à neta uma caixinha de joias.
Linda abriu: era uma pulseira de prata com um pingente de coração.
— Uau, obrigada, vovó!
Lily, sentada ao lado, apenas baixou os olhos para o prato vazio. Senti aquela velha dor no peito.
— As meninas têm novidades — anunciei. — As duas vão participar do Concurso da Primavera da escola.
— Que lindo — disse Wendy, com o sorriso perdendo o brilho. — Linda, você vai brilhar no palco. Herdou a graça da sua mãe.
— As duas vão arrasar — corrigi.
— Claro — respondeu Wendy, seca, virando-se para Linda. — Vai usar aquele vestido azul que vimos no shopping?
— Na verdade — disse com firmeza — eu estou costurando os vestidos. Iguais.
— Iguais? Mas a Linda deveria se destacar. Ela tem aparência para isso.
— Mãe… — disse Charles, preocupado.
— O que foi? Só estou dizendo que algumas meninas têm mais “jeito” pra isso. É genética.
— Posso ir ao banheiro? — murmurou Lily, se levantando.
Esperei ela sair e encarei Wendy.
— Já conversamos sobre isso. As duas merecem o mesmo respeito.
— Elina, estou sendo prática. A Lily é SUA filha. Não é do David. Por que fingir o contrário?
— Porque somos uma família — disse Charles, firme.
— Família é sangue — respondeu ela, fria. — E Lily nunca será minha neta.
— Mãe, por favor… — tentou Charles.
— Tá tudo bem — interrompi, me levantando. — Vamos embora.
Naquela noite, fiquei costurando até tarde. Os vestidos tinham cetim azul-claro, com flores bordadas à mão no busto. As meninas experimentavam e rodopiavam no espelho, rindo enquanto faziam o cabelo e a maquiagem.
— É o vestido mais lindo do mundo! — disse Lily.
— Elina, você é um gênio! — completou Linda.
Sorri, exausta mas orgulhosa.
— Vocês vão brilhar no palco.
O evento seria no sábado de manhã, no centro comunitário perto da casa da Wendy. Como seria cedo, Charles sugeriu dormirmos lá na sexta-feira.
— Faz sentido — disse ele. — Ela mora a cinco minutos do local. Do contrário, teríamos que sair antes do amanhecer.
— Mas os vestidos…
— Levamos com a gente. Guardamos bem. É só uma noite, Elina.
Cedi. Disse a mim mesma que estava sendo paranoica. Wendy nunca faria algo contra uma criança. Faria?
Sexta à noite, nos acomodamos nos quartos de hóspedes. Pendurei cuidadosamente os vestidos no armário das meninas.
Durante o jantar, Wendy foi estranhamente gentil, perguntando sobre a escola e o concurso. Comecei a relaxar.
Depois da sobremesa, Lily perguntou:
— Vovó, posso experimentar meu vestido mais uma vez, só pra ter certeza?
A sala ficou em silêncio. Foi a primeira vez que Lily a chamou de “vó”.
Wendy sorriu tensa.
— Melhor não. Vai que suja.
— Prometo que tomo cuidado…
— Eu disse que não — respondeu, fria. — Além disso, esses concursos são sobre beleza natural. Algumas têm isso, outras… — e deixou a frase no ar.
Lily murchou, mas disfarçou.
— É… melhor deixar pra amanhã mesmo.
Na hora de dormir, enquanto as cobria, Lily sussurrou:
— Ela me odeia, né?
— Claro que não, querida — menti. — Ela só… ainda não sabe como ser avó das duas.
— Já se passaram seis anos, mãe.
Não tive resposta.
No sábado, o caos começou às 7h — banho, cabelo, maquiagem, café. Chegamos ao local pouco antes das 9h. As meninas correram pro camarim, enquanto Charles descarregava o carro.
Eu ajeitava meus brincos quando Lily saiu do quarto chorando.
— MÃE?? Meu vestido…
Meu coração afundou.
— O que houve, meu amor?
— ESTÁ ARRUINADO.
Corri até o quarto. Linda estava lá, com o vestido impecável. Sobre a mesa, o vestido de Lily… estava destruído. A costura lateral rasgada, uma mancha marrom no busto, e — o pior — uma parte queimada bem no centro das flores acolchoadas.
Peguei com as mãos tremendo.
— O que aconteceu?! — murmurei.
— Estava perfeito ontem à noite. Mas hoje cedo, quando tirei do saco, estava assim.
— Que pena — disse Wendy, fingindo compaixão. — Talvez seja um sinal.
— Sinal de quê? — rosnei.
— De que algumas meninas simplesmente não pertencem àquele palco. Mas não se preocupe, Lily. Você pode ver a Linda brilhar.
Charles chegou.
— O que está acontecendo? Faltam cinco minutos pro início.
Antes que eu respondesse, Linda deu um passo à frente, decidida.
— Eu acho que a vovó destruiu o vestido da Lily.
— O quê?! — Charles olhou de uma para outra. — Mãe, você…?
— Claro que não. Não diga bobagens.
— Eu vi você — disse Lily, com voz firme. — Ontem à noite. Entrou achando que estávamos dormindo. Pegou meu vestido. Achei que fosse passar a ferro…
Wendy ficou pálida.
— Você deve ter sonhado, querida.
— Não sonhei.
Linda tirou o vestido.
— Toma, usa o meu.
— Não posso… — murmurou Lily.
— Pode sim — insistiu Linda, abraçando-a. — Somos irmãs. É isso que irmãs fazem.
— Linda! Vista esse vestido de volta agora! — gritou Wendy.
Mas ela ignorou, ajudando Lily a se trocar.
— Não importa quem veste. Nós duas pertencemos àquele palco.
— Eu não vou permitir isso!
— Vai sim. Ou podemos contar pra todo mundo por que só um vestido está destruído — respondeu Linda, fria.
— Ela não é minha neta! — gritou Wendy.
O centro comunitário fervilhava de famílias e expectativas. No camarim, ajudei Lily a vestir o vestido emprestado. Linda, de calça jeans e blusa, sorriu sentada ao lado.
— Você não precisava fazer isso — disse Lily.
— Vão ter outros concursos. Mas só existe uma você.
Lily não ganhou o primeiro lugar. Ficou em segundo, atrás de uma garota com vestido profissional. Mas ao saírem do palco, coroadas e radiantes, o brilho nos olhos da minha filha valia mais que qualquer troféu.
Wendy saiu antes da cerimônia acabar, pela porta lateral, sem dizer adeus.
Naquela noite, enquanto comíamos pizza na sala, o celular de Charles vibrou. Era uma mensagem da mãe:
“Espero que esteja feliz com sua escolha.”
Ele me mostrou, depois respondeu:
“Estou. Agora é a sua vez de escolher.”
Não vimos Wendy pelos seis meses seguintes. Quando ela finalmente ligou, pediu para nos visitar.
Não foi um pedido de desculpas. Nem aceitação.
Mas foi um recomeço.