HISTÓRIAS

Minhas Avós Serão as Damas das Flores no Meu Casamento — E Nem Todos Estão Felizes Com Isso.


Logo que começamos a planejar o casamento, descobri uma verdade curiosa: todo mundo tem opinião sobre tudo — até quem você nem imaginava. Desde o início, eu e meu noivo, Evan, queríamos que o casamento fosse pessoal, cheio de significado, e não apenas mais uma cerimônia genérica.

Uma coisa ficou clara rapidamente: não havia nenhuma criança pequena nas nossas famílias. Sem sobrinhos, sobrinhas ou primos bebês.

Foi aí que tive uma ideia. Em vez de pedir uma criança emprestada para ser dama de flores, por que não convidar as minhas duas avós?

A vovó Helen e a vovó Marlene estão ambas na casa dos 70 anos, ainda cheias de vida — e, pra falar a verdade, muito mais divertidas que muita gente da minha idade. São daquelas senhoras que dançam nas festas da família, fofocam como adolescentes durante o café e ainda mandam cartões de aniversário escritos à mão.

Quando liguei para fazer o convite, houve uma longa pausa… até que Helen caiu na gargalhada.

“Você tá falando sério?” perguntou entre risos. “Quer duas velhinhas jogando pétalas pelo corredor?”
“Exatamente,” respondi com um sorriso.

Para minha surpresa, ela topou na hora. Marlene precisou de um pouquinho mais de convencimento, mas assim que Helen entrou no clima, as duas mergulharam de cabeça na ideia. Foram juntas escolher os vestidos e me mandavam atualizações por e-mail o tempo todo.

“A Helen quer usar lavanda, mas eu tô pensando em rosa… o que você acha?” perguntou Marlene em uma tarde.

Eu estava encantada com o entusiasmo delas. Era tudo perfeito.

Até que a mãe do meu noivo ficou sabendo.

Uma noite, durante o jantar, ela me chamou de canto, com aquele tom de quem está prestes a dar uma má notícia.

“Querida,” disse com cuidado, “tem certeza de que essa é a melhor escolha? É que… bom, é um pouco fora do comum, né?”

Na hora, entendi o que ela queria dizer. Achava estranho. Talvez até embaraçoso.

“Eu acho perfeito,” respondi. “E elas estão animadas.”

Ela apertou os lábios, claramente se segurando para não discutir. Evan, para minha sorte, apenas deu de ombros e disse:
“Eu acho ótimo.”

Mas a tensão permaneceu. A família dele é bem tradicional, e eu já conseguia imaginar os olhares de julgamento na cerimônia.

Então, poucos dias antes do casamento, minha sogra fez o impensável: ligou para minhas avós e tentou convencê-las a desistir.

Helen me ligou logo depois, com a voz visivelmente irritada.

“Aquela mulher,” começou ela, “acha que vamos envergonhar você.”

Meu coração afundou.
“O quê?”

“Ela ligou pra mim e pra Marlene dizendo que estava preocupada que a gente ‘desviasse a atenção dos noivos’.”

“Ela disse isso mesmo?”

“Disse sim,” bufou Helen. “Como se duas senhoras jogando pétalas fossem arruinar o seu casamento.”

Eu estava furiosa. Não bastava ela ir pelas minhas costas, ainda insinuou que minhas avós não eram dignas de participar de um momento importante.

“Ela conseguiu convencer vocês a desistir?” perguntei, com medo da resposta.

“De jeito nenhum,” disse Helen. “Se for pra irritar, vou jogar essas pétalas com ainda mais vontade.”

Marlene, por outro lado, estava hesitante.

“Não quero causar confusão, minha querida,” disse ao telefone. “Se for mais fácil, eu posso deixar isso pra lá.”

“Não,” respondi com firmeza. “Isso não é sobre facilitar. É sobre celebrar quem importa pra mim. E você e a vovó Helen importam muito.”

Ela pareceu se acalmar, mas eu sabia que ainda estava preocupada.

No dia do casamento, senti o olhar de reprovação da minha sogra. Ela foi educada, mas fria. Alguns membros da família de Evan murmuraram quando viram minhas avós entrarem com seus vestidos de dama de flores — Helen de lavanda e Marlene de rosa, as duas radiantes.

E então, a cerimônia começou.

A música tocou, e elas caminharam pelo corredor, espalhando pétalas com alegria. A sala inteira explodiu em risos e aplausos. Até os parentes mais conservadores não conseguiram conter o sorriso quando Helen jogou pétalas sobre a cabeça de um convidado como se fossem confetes. Marlene, com seu jeito mais elegante, caminhava devagar e acenava como uma verdadeira rainha.

Quando chegaram ao altar, até minha sogra estava sorrindo. Ainda rígida, sim, mas o calor no ambiente era inegável.

Mais tarde, na recepção, ninguém falava de outra coisa.

“Foi a melhor coisa que já vi num casamento,” disse uma das tias de Evan.
“Suas avós são icônicas,” comentou uma amiga minha.

Até minha sogra, embora com relutância, admitiu:
“Não era o que eu esperava, mas… elas definitivamente deixaram sua marca.”

E o melhor de tudo? Helen e Marlene se divertiram como nunca.

“Estamos pensando em transformar isso num negócio,” brincou Helen, tomando uma taça de champanhe. “Damas de flores profissionais. O que acha?”

“Acho que vocês estariam com a agenda lotada,” respondi, rindo.

Marlene segurou minha mão com carinho.

“Obrigada por nos incluir, meu bem. Significou o mundo pra mim.”

E naquele instante, eu tive certeza de que havia feito a escolha certa.

Porque casamentos não são sobre seguir tradições cegamente. São sobre amor. E minhas avós? Elas mereciam ser celebradas tanto quanto qualquer outra pessoa.

Então, se um dia você pensar em quebrar alguma “regra” de casamento para torná-lo mais especial, vá em frente.

Vale cada pétala. 🌸


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